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31 de agosto de 2008
30 de agosto de 2008
39 - Estórias no Sofá - te sonhei
Mais uma vez vou-te caminhar as palavras que sonhei. Num vou nem me importar de saber alguém vai ouvir os meus passos ou ainda ouvir os meus segredos de secreto amor público. Me apetece te contar que hoje eu sonhei e não faço ideia quando é que tinha sido mesmo a última outra vez que isso aconteceu.
Mas eu te conto nos pormenores mais pormenorizados para tu sentires o que eu mesmo senti. Sonho não é sair do chão e ir em lugar distante porque isso é mesmo o avião. Este sonho mesmo é de estar a dormir e ver um filme que dizem é a preto e branco mas eu desconsigo lembrar esse pormenor. Esse filme é como que nem passado num lugar que eu desconsigo de ver qual é, pois até que penso foi só cenário para este sonho.
Estava assim muita gente até parecia uma reunião de gente importante porque até a roupa era um vestir de gente importante.
Ela estava lá. Ela, a do biquini azul, que nunca mais nem me olhou quanto mais me disse uma palavra. Ali estava na sua altura e no seu porte de quem nem é hoje me vai dar confiança. Se cruzou num para lá e para cá comigo que eu nem parecia estar ali. Me senti fantasma de ver e não poder ser visto. Me apeteceu gritar até os pulmões saírem cá para fora. Mas me calei porque acho queria ver o filme até ao fim e lhe tinha um bom percentimento.
Pouco a pouco foram saindo. O lugar desconhecido começou a ficar parecia bem maior e ainda mais eu lhe desconhecia o lugar. Ela ainda estava ali a conversar com mais ns outros.
'Me vou lhe perguntar se ela se lembra ainda quem eu sou' falei-me assim num sussurrar tímido de um medo pavoroso. Mas a conversa estava animada e se eu chegasse ali ia levar berrida estou na certeza.
'Esquece' me mentalizava eu.
Bati com as costas no momento e decidi que eu ia fazer assim como os outros e me ia dali embora, logo ia saber o caminho para uma volta a casa.
Na rua, amplo parque de estacionamento, só restavam meia dúzia de carros. Procurei onde eu pensava estava o meu e lhe encontrei lugar vazio. Procurei tudo e e dele nem a sombra tinha lá ficado. Agora aqui gritei toda a raiva eu sentia que todos os que ainda estavam na casa grande de cenário vieram ver o que estava a acontecer. Um a um fui contando. No último não contei porque era ela e ela não estava ali nem perto para me ouvir. Mais uma vez eu lhe era um fantasma que ela não acredita nessas coisas.
Os carros poucos que estavam foram arrancando um a um numa fila parecia estava combinada. Eu era o único que não podia seguir. Tentei com o telemóvel ligar num socorro qualquer e do outro lado da linha me diziam tinha de aguardar. Eu ia ficar ali naquele cenário desconhecido, complexo de fantasma e ainda por cima apeado.
Um carro parou. Me baixei ao nível da janela e se eu ia dizer alguma coisa fiquei mais mudo que sem corda vocal. Era ela. Disse-me qualquer coisa que eu vi a sua boca mexer mas meus ouvidos estavam que nem eu numa paralisia mortal. Pelo gesto percebi que era para entrar e foi o que fiz e não sei como me consegui mexer.
Arrancou. Acho o carro nem tinha motor que eu ouvia o silêncio era total.
Sempre olhou na estrada que tal como a casa era feita só para este filme pois eu acho ela não podia nem existir. Bela para não dizer belíssima.
Aos poucos o meu corpo foi parecia estava a acordar de ser morto. Aos poucos eu estava a consegui ser eu outra vez. Lhe ia dizer que ela estava ainda bela como a última vez que eu lhe tinha visto fazia aí uns vinte anos e que acho devia acabar a minha prisão perpétua, foi quando o sonho acabou e o despertador me disse em altos berros que era hora de acordar.
Sanzalando
Mas eu te conto nos pormenores mais pormenorizados para tu sentires o que eu mesmo senti. Sonho não é sair do chão e ir em lugar distante porque isso é mesmo o avião. Este sonho mesmo é de estar a dormir e ver um filme que dizem é a preto e branco mas eu desconsigo lembrar esse pormenor. Esse filme é como que nem passado num lugar que eu desconsigo de ver qual é, pois até que penso foi só cenário para este sonho.
Estava assim muita gente até parecia uma reunião de gente importante porque até a roupa era um vestir de gente importante.
Ela estava lá. Ela, a do biquini azul, que nunca mais nem me olhou quanto mais me disse uma palavra. Ali estava na sua altura e no seu porte de quem nem é hoje me vai dar confiança. Se cruzou num para lá e para cá comigo que eu nem parecia estar ali. Me senti fantasma de ver e não poder ser visto. Me apeteceu gritar até os pulmões saírem cá para fora. Mas me calei porque acho queria ver o filme até ao fim e lhe tinha um bom percentimento.
Pouco a pouco foram saindo. O lugar desconhecido começou a ficar parecia bem maior e ainda mais eu lhe desconhecia o lugar. Ela ainda estava ali a conversar com mais ns outros.
'Me vou lhe perguntar se ela se lembra ainda quem eu sou' falei-me assim num sussurrar tímido de um medo pavoroso. Mas a conversa estava animada e se eu chegasse ali ia levar berrida estou na certeza.
'Esquece' me mentalizava eu.
Bati com as costas no momento e decidi que eu ia fazer assim como os outros e me ia dali embora, logo ia saber o caminho para uma volta a casa.
Na rua, amplo parque de estacionamento, só restavam meia dúzia de carros. Procurei onde eu pensava estava o meu e lhe encontrei lugar vazio. Procurei tudo e e dele nem a sombra tinha lá ficado. Agora aqui gritei toda a raiva eu sentia que todos os que ainda estavam na casa grande de cenário vieram ver o que estava a acontecer. Um a um fui contando. No último não contei porque era ela e ela não estava ali nem perto para me ouvir. Mais uma vez eu lhe era um fantasma que ela não acredita nessas coisas.
Os carros poucos que estavam foram arrancando um a um numa fila parecia estava combinada. Eu era o único que não podia seguir. Tentei com o telemóvel ligar num socorro qualquer e do outro lado da linha me diziam tinha de aguardar. Eu ia ficar ali naquele cenário desconhecido, complexo de fantasma e ainda por cima apeado.
Um carro parou. Me baixei ao nível da janela e se eu ia dizer alguma coisa fiquei mais mudo que sem corda vocal. Era ela. Disse-me qualquer coisa que eu vi a sua boca mexer mas meus ouvidos estavam que nem eu numa paralisia mortal. Pelo gesto percebi que era para entrar e foi o que fiz e não sei como me consegui mexer.
Arrancou. Acho o carro nem tinha motor que eu ouvia o silêncio era total.
Sempre olhou na estrada que tal como a casa era feita só para este filme pois eu acho ela não podia nem existir. Bela para não dizer belíssima.
Aos poucos o meu corpo foi parecia estava a acordar de ser morto. Aos poucos eu estava a consegui ser eu outra vez. Lhe ia dizer que ela estava ainda bela como a última vez que eu lhe tinha visto fazia aí uns vinte anos e que acho devia acabar a minha prisão perpétua, foi quando o sonho acabou e o despertador me disse em altos berros que era hora de acordar.
29 de agosto de 2008
Vou caminhando
Vou caminhando que um dia vou chegar lá. Num lá que fica para lá do desejo, para lá da branca noite dum poema de amor, do branco silêncio do encontro de duas almas gémeas.
Vou caminhando sobre as palavras, equilibrado na sombra das recordações perfumadas de maresia.
Tu e eu num movimento perpétuo, luta corpo a corpo, sombras sombreadas de vida.
Vou caminhado até lá chegar.
Vou caminhando sobre as palavras, equilibrado na sombra das recordações perfumadas de maresia.
Tu e eu num movimento perpétuo, luta corpo a corpo, sombras sombreadas de vida.
Vou caminhado até lá chegar.
Sanzalando
28 de agosto de 2008
sobre linhas
Os meus caminhos são percorridos entre duas linhas. É, parece eu sou um equilibrista que caminha sobre corda, dando os meus passos na busca do equilibrio dos pensamentos, sentimentos e do que faço ou não.
Tem dias que é dificil e nem sempre consigo.
Hoje é um dia destes.
Sanzalando
Tem dias que é dificil e nem sempre consigo.
Hoje é um dia destes.
Sanzalando
27 de agosto de 2008
às vezes
Aqui vou eu neste incerto caminho das palavras e ideias. Às vezes aqui estou apenas por medo que notes a minha ausência, que sintas que o meu corpo não está nos teus braços. Às vezes me apavoro de pensar que possas pensar que eu não te estou a contemplar, a te adorar. Às vezes cubro-me de silêncio para que não vejas as lágrimas que deixo fugir de mim.
Aqui estou na viagem do teu corpo, sílaba por sílaba, sem ter tempo para ter tempo e às vezes sem futuro.
Aqui estou na viagem do teu corpo, sílaba por sílaba, sem ter tempo para ter tempo e às vezes sem futuro.
Sanzalando
26 de agosto de 2008
sonhos
Te parto todo com esse teu trim que me acorda ainda não são 7 da manhã.
Acordar é uma maneira de dizer. Como que é que eu podia dormir se eu pensei que estava toda a noite contigo?
De olhos fechados te olhei e te admirei ver enquanto dormias e eu entrava nos teus sonhos. Te deixei adormecer fingindo eu que dormia, te enrolaste a mim num abraço forte como se eu fosse o teu boneco de criança. Desconsegui mexer-me e quase não respirava para não te incomodar.
Me deixei assim ficar a te admirar até que esse trim agora me manda ir pelo caminho, olhar o zulmarinho e com o sabor da maresia saber que eu tinha sonhado mais uma vez contigo.
Acordar é uma maneira de dizer. Como que é que eu podia dormir se eu pensei que estava toda a noite contigo?
De olhos fechados te olhei e te admirei ver enquanto dormias e eu entrava nos teus sonhos. Te deixei adormecer fingindo eu que dormia, te enrolaste a mim num abraço forte como se eu fosse o teu boneco de criança. Desconsegui mexer-me e quase não respirava para não te incomodar.
Me deixei assim ficar a te admirar até que esse trim agora me manda ir pelo caminho, olhar o zulmarinho e com o sabor da maresia saber que eu tinha sonhado mais uma vez contigo.
Sanzalando
25 de agosto de 2008
38 - Estórias no Sofá - estória com moral
Era uma vez uma mulher linda dum país livre que vivia num país menos livre, numa povoação pobre e tranquila, tão pequenina que lhe preocupava o facto de não encontrar um homem caso houvesse necessidade.
Na verdade a mulher estava em idade de merecer todos os cuidados e algumas urgências. Como era um ano Olímpico se lhe passou pela cabeça organizar uma competição entre todos os homens que conseguia contactar pela Internet. O vencedor seria aquele que lhe chegasse primeiro à sua intimidade.
Todos eram recrutados com o ‘abanar’ do prémio, com muita paixão prometia a cada um ser o vencedor sem que cada outro soubesse. Cada um se entusiasmava pois o homem é um ser simples que evolui no desejo dos recursos naturais das senhoras e das coisas aparentemente menos atingíveis.
Aos poucos uns foram desistindo, outros por isto e por aquilo ficaram pelo caminho. Ficaram dois finalistas ou talvez um pouco mais que eu dessas coisas intimas não sou de olhar. Estavam quase a atingir a pérola. Um aqui, neste exacto momento gritou que desistia da competição. Apenas ele sabia o motivo, aparentemente. Ela aceitou a desistência com pesar e alguma desilusão.
A linda mulher dum país livre que vivia num país menos livre ficou com um finalista que era um homem dum país menos livre que impulsionado pela abstinência se sagrou vencedor.
Moral: há sempre alguém para contar a estória.
Na verdade a mulher estava em idade de merecer todos os cuidados e algumas urgências. Como era um ano Olímpico se lhe passou pela cabeça organizar uma competição entre todos os homens que conseguia contactar pela Internet. O vencedor seria aquele que lhe chegasse primeiro à sua intimidade.
Todos eram recrutados com o ‘abanar’ do prémio, com muita paixão prometia a cada um ser o vencedor sem que cada outro soubesse. Cada um se entusiasmava pois o homem é um ser simples que evolui no desejo dos recursos naturais das senhoras e das coisas aparentemente menos atingíveis.
Aos poucos uns foram desistindo, outros por isto e por aquilo ficaram pelo caminho. Ficaram dois finalistas ou talvez um pouco mais que eu dessas coisas intimas não sou de olhar. Estavam quase a atingir a pérola. Um aqui, neste exacto momento gritou que desistia da competição. Apenas ele sabia o motivo, aparentemente. Ela aceitou a desistência com pesar e alguma desilusão.
A linda mulher dum país livre que vivia num país menos livre ficou com um finalista que era um homem dum país menos livre que impulsionado pela abstinência se sagrou vencedor.
Moral: há sempre alguém para contar a estória.
Sanzalando
24 de agosto de 2008
(02) Texto Pedido - ORIGENS
Aqui estou eu caminhando palavras e imagens de sonhos quando vejo que o sol está a pintar-me sombras como se eu fosse uma tela em branco.
Assim, ao domingos e quando tiver textos pedidos, publicarei textos alheios.
Vá lá, quem tem mesmo uma caixinha com eles assim num esconde esconde manda para mim…
Eu vim da terra dos traídos
Vim dum monte de sonhos destroçados
Vim de cidades em ruinas
Dum bando de famintos revoltados.
Amei os pobres, as crianças, as mães amarguradas.
Fui choro, fui pranto de muitos lares,
Fui o roçar de facas, de chibatadas.
Entrei nos templos, p'ra achar pureza,
Desci às ruas, p'ra conhecer tristeza.
Fui bandeira branca, desfraldada,
Fui lágrima de noiva abandonada.
Fui grito de dor, brado de morte,
Fui brinquedo morrendo com um menino.
Fui solidão e fui miséria
Fui flor de sangue derramado.
Eu vim da terra dos traídos...
Da terra sem lares, ou maternas mãos...
Sem portos, sem ruas, sem amores,
Sem Credos, sem Deus, sem alvoradas...
Vim dum bando de crianças inocentes
Qu´esperavam com fé p´la madrugada,
Que não conheciam ódios raciais
E tinham direito à sua sobrevivência.
Eu sou a que está convosco, incompreendidos,
Que não querem curvar-se ao cativeiro,
Que querem ser livres, encontrarem-se,
E acreditam que num futuro aurifulgente,
Num mundo sem ódios, nem concessões,
Tudo será melhor, será diferente.
Vera Lucia
Sanzalando
Assim, ao domingos e quando tiver textos pedidos, publicarei textos alheios.
Vá lá, quem tem mesmo uma caixinha com eles assim num esconde esconde manda para mim…
Eu vim da terra dos traídos
Vim dum monte de sonhos destroçados
Vim de cidades em ruinas
Dum bando de famintos revoltados.
Amei os pobres, as crianças, as mães amarguradas.
Fui choro, fui pranto de muitos lares,
Fui o roçar de facas, de chibatadas.
Entrei nos templos, p'ra achar pureza,
Desci às ruas, p'ra conhecer tristeza.
Fui bandeira branca, desfraldada,
Fui lágrima de noiva abandonada.
Fui grito de dor, brado de morte,
Fui brinquedo morrendo com um menino.
Fui solidão e fui miséria
Fui flor de sangue derramado.
Eu vim da terra dos traídos...
Da terra sem lares, ou maternas mãos...
Sem portos, sem ruas, sem amores,
Sem Credos, sem Deus, sem alvoradas...
Vim dum bando de crianças inocentes
Qu´esperavam com fé p´la madrugada,
Que não conheciam ódios raciais
E tinham direito à sua sobrevivência.
Eu sou a que está convosco, incompreendidos,
Que não querem curvar-se ao cativeiro,
Que querem ser livres, encontrarem-se,
E acreditam que num futuro aurifulgente,
Num mundo sem ódios, nem concessões,
Tudo será melhor, será diferente.
Vera Lucia
Sanzalando
23 de agosto de 2008
22 de agosto de 2008
certezas
Me sento na areia que esteve outrora escaldante. Faz vento que me despenteia mas faz tempo que deixei de lhe ligar. O zulmarinho e vento fazem mesmo parte de mim. Assim como tu sabes que por ti estarei sempre por aqui. São as minhas certezas.
Quando te apetecer rir, chorar, falar ou ouvir, tu sabes que eu estarei aqui, por ti. São as tuas certezas.
Me sento na areia e de olhos postos na linha recta que é curva eu vou virando as páginas tantas, vivendo as mesmas linhas e sabendo que tu, minha alma gémea, és a minha verdade, de certeza absoluta. O resto, o resto é mesmo o tempo de intervalo que mediam as certezas.
Quando te apetecer rir, chorar, falar ou ouvir, tu sabes que eu estarei aqui, por ti. São as tuas certezas.
Me sento na areia e de olhos postos na linha recta que é curva eu vou virando as páginas tantas, vivendo as mesmas linhas e sabendo que tu, minha alma gémea, és a minha verdade, de certeza absoluta. O resto, o resto é mesmo o tempo de intervalo que mediam as certezas.
Sanzalando
21 de agosto de 2008
Distraído
Aqui vou eu num caminho sem fim. Me dizem que estou deprimido.
Não! Se enganam, estou só é mesmo distraído.
Distraído da vida que levo, dos caminhos que calcorreio, das florestas que não vejo, dos mares que não provo. Distraído porque deixei passar uns anos sem que eu tivesse dado por eles. Distraído porque pensei que tinha perdido alguma coisa. Não. Só algumas coisas se adiantaram de mim.
Olha, aqui vou eu olhando o zulmarinho e caminhando sobre palavras, distraidamente.
Não! Se enganam, estou só é mesmo distraído.
Distraído da vida que levo, dos caminhos que calcorreio, das florestas que não vejo, dos mares que não provo. Distraído porque deixei passar uns anos sem que eu tivesse dado por eles. Distraído porque pensei que tinha perdido alguma coisa. Não. Só algumas coisas se adiantaram de mim.
Olha, aqui vou eu olhando o zulmarinho e caminhando sobre palavras, distraidamente.
Sanzalando
20 de agosto de 2008
Distracção
Caminho vincando bem a areia mole. Peso pesado que marcha sobre as palavras frágeis da nostalgia e saudade. Os meus olhos olham a direito como quem olha para uma alucinação, produto de desejos e de esperas desesperadas. Falo-me palavras em silêncio duma vida desgastada em equívocos, sonhos adiados, sobressaltos do destino.
Caminho enquanto o tempo decorre na sua lentidão de certeza feita.
Caminho debruçado sobre mim, perfume de maresia que me entra como se existisse uma janela aberta.
Caminho na distracção da esperança.
Caminho enquanto o tempo decorre na sua lentidão de certeza feita.
Caminho debruçado sobre mim, perfume de maresia que me entra como se existisse uma janela aberta.
Caminho na distracção da esperança.
Sanzalando
19 de agosto de 2008
Delirando
Vou buscar o zulmarinho. Sinto-me ansioso, preciso lhe ouvir o marulhar, preciso lhe ver a espuma branca se espraiar, preciso de sentir a maresia me entranhar.
Vou buscar o zulmarinho.
Estou cansado de guardar as palavras que me grita o coração. Eu sei que ao calar-me tenho a liberdade de as mudar quando me apetecer, de chorá-las, gritá-las no meu silêncio de raiva. Mas ao calar-me os meus espaços errantes se acabam.
Eu quero a liberdade de poder ouvir as tuas palavras, dizer-te as minhas, ouvir o cair da noite ou o romper da aurora. Eu quero a liberdade de poder ocultar-me.
Vou buscar o zulmarinho e lhe ouvir as mucandas, ouvir as canções das kiandas. Vou-lhes buscar ainda.
Vou buscar o zulmarinho.
Estou cansado de guardar as palavras que me grita o coração. Eu sei que ao calar-me tenho a liberdade de as mudar quando me apetecer, de chorá-las, gritá-las no meu silêncio de raiva. Mas ao calar-me os meus espaços errantes se acabam.
Eu quero a liberdade de poder ouvir as tuas palavras, dizer-te as minhas, ouvir o cair da noite ou o romper da aurora. Eu quero a liberdade de poder ocultar-me.
Vou buscar o zulmarinho e lhe ouvir as mucandas, ouvir as canções das kiandas. Vou-lhes buscar ainda.
Sanzalando
18 de agosto de 2008
pintura-me
Me sento sobre esta pedra e observo o zulmarinho no seu vai e vai se espraiando na areia.
Me deixo embalar e, de pensamento em pensamento, concluo que a minha vida é uma pintura onde se notam as pinceladas que põem a nu a minha estória e os meus amores.
Olho com olhos de ver esse quadro e vejo que há espaços escondidos em mim que nem eu nos meus sonhos sonharia ter, estórias de rua sombreada num arco-íris de essências e desejos.
Reolho e observo traços hesitantes entrecortados por certezas como se fossem palavras ditas na afirmação.
O zulmarinho me embriagou mais uma vez.
Me deixo embalar e, de pensamento em pensamento, concluo que a minha vida é uma pintura onde se notam as pinceladas que põem a nu a minha estória e os meus amores.
Olho com olhos de ver esse quadro e vejo que há espaços escondidos em mim que nem eu nos meus sonhos sonharia ter, estórias de rua sombreada num arco-íris de essências e desejos.
Reolho e observo traços hesitantes entrecortados por certezas como se fossem palavras ditas na afirmação.
O zulmarinho me embriagou mais uma vez.
17 de agosto de 2008
(01) Texto Pedido - NOSTALGIA
Aqui estou eu caminhando palavras e imagens de sonhos quando vejo que o sol está a pintar-me sombras como se eu fosse uma tela em branco.
Assim, ao domingos e quando tiver textos pedidos, publicarei textos alheios.
Vá lá, quem tem mesmo uma caixinha com eles assim num esconde esconde manda para mim…
Assim, ao domingos e quando tiver textos pedidos, publicarei textos alheios.
Vá lá, quem tem mesmo uma caixinha com eles assim num esconde esconde manda para mim…
Escondida na minha choupana, nos caminhos que serpenteiam na verdura da minha montanha/paraiso, onde a saudação dos pássaros me anunciava a hora de começar o dia...
Perdida na tranquilidade da natureza, onde o tocar do tambor consolava pelo excesso de paz, nesse sorridente, belo e doce vale, entre os companheiros meigos e mudos da minha silenciosa solidão: o meu cão e as minhas filhas miudas.
A realidade do quotidiano (a minha realidade) não conhecia nada, além do bom senso que me era legado por esse Deus, que eu alcançava, interpretando-o como fogo, chuva, trovão, ou mesmo sol, mas com o Qual eu vivia em harmonia.
Fosse esta uma interpretação bárbara, era esse o meu Credo, era essa a minha vida.
Sanzalando
16 de agosto de 2008
retorno
Parei de caminhar para descansar à beira do zulmarinho. Bebi o perfume da maresia, despenteei-me com a brisa marítima, e cansei-me a dar braçadas na imaginação à procura dum porto seguro que fizesse sentido.
Mas agora, assim num instante para desentrançar a língua, resolvi falar-me numa mistura de ideias e provérbios, porque me lembrei que o pior cego é mesmo só aquele que não quer ver, assim como a pior ausência é aquele que falta e a pior vitória é a alheia, pelo que o pior morto é aquele que não quer ressuscitar.
Misturadas as coisas, frases feitas na imperfeição da voz rouca, vou dar um passeio pelas ideias que me atormentam os sonhos.
Mas agora, assim num instante para desentrançar a língua, resolvi falar-me numa mistura de ideias e provérbios, porque me lembrei que o pior cego é mesmo só aquele que não quer ver, assim como a pior ausência é aquele que falta e a pior vitória é a alheia, pelo que o pior morto é aquele que não quer ressuscitar.
Misturadas as coisas, frases feitas na imperfeição da voz rouca, vou dar um passeio pelas ideias que me atormentam os sonhos.
Sanzalando
13 de agosto de 2008
eternamente
Aqui estou eu caminhando num destino predestinado a lado nenhum. E volto todas as tardes, quer faça calor ou chova rajadas de frio na vontade do meu desejo. Caminho percorrendo o teu corpo na imaginação dos meus dedos, na nuvem das minhas recordações.
Caminho cansado com o saber que amanhã voltarei como que avivado num fogo de paixão que me nasce no interior e percorre todas as minhas entranhas.
Aqui estou caminhando com a mesma vontade de saciar um amor eterno.
Caminho cansado com o saber que amanhã voltarei como que avivado num fogo de paixão que me nasce no interior e percorre todas as minhas entranhas.
Aqui estou caminhando com a mesma vontade de saciar um amor eterno.
Sanzalando
12 de agosto de 2008
mente-me
Hoje caminho como em muitos outros dias, levando estampado na cara um sorriso que te sorrio sempre. É, podes assim num instante me olhares e eu quero que me vejas a rir, porque eu sorrio sempre para ti. Mesmo quando me fazes chorar eu te sorrio. Mesmo quando te esqueces de mim eu ainda te sorrio.
Diz-me só quem te tem amado que nem eu? Anda, mente-me!
Diz-me quem te fez feliz tal como eu te fiz, sem trocas?
Diz-me quem te tem dado o prazer de sentir viva como nunca?
Diz-me quem me mostrou o inferno e te deu o céu?
Diz-me quem te tocou numa carícia de alma?
Anda, mente-me por favor!
Diz-me só quem te tem amado que nem eu? Anda, mente-me!
Diz-me quem te fez feliz tal como eu te fiz, sem trocas?
Diz-me quem te tem dado o prazer de sentir viva como nunca?
Diz-me quem me mostrou o inferno e te deu o céu?
Diz-me quem te tocou numa carícia de alma?
Anda, mente-me por favor!
Sanzalando
11 de agosto de 2008
sorrio
Aqui vou caminhando de sorriso em sorriso, palavra em palavra ou de silêncio em silêncio. Hoje mesmo vou assim como que vestido de riso, maquilhado de desejo e penteado de ilusões. É, transpiro energia, cantarolo canções que invento.
Olha, afinal mesmo hoje só sorrio para ti.
Sanzalando
Olha, afinal mesmo hoje só sorrio para ti.
Sanzalando
10 de agosto de 2008
hora da sesta
Me estendo na areia escaldante deste final de zulmarinho. É a hora da sesta porque o sol morde as costas e provoca assim um cansaço em que o sono e a vigília se misturam numa salada de inconsciência em que até apetece dizer novas poesias.
È nesta hora que surgem novas palavras em outras tantas vozes dentro da gente, umas carregadas de cor outras assim num tom de cinzento parvo, em que se ouvem ecos de silêncio agonizante misturados com surdos gemidos, ecos do subconsciente.
É nesta hora que a cabeça entra de fantasia noutras épocas em pensamentos delirantes de outras liberdades.
Me estendo na areia como que pintado de palavras poéticas de delírios, de ideias naufragas de inspiração e se me afasta a audácia e entro no pântano da obnubilação.
É só porque é a hora da sesta e depois no despertar serei invadido de insustentável imaginação para rescrever os poemas mortos que nunca tiveram vida.
È nesta hora que surgem novas palavras em outras tantas vozes dentro da gente, umas carregadas de cor outras assim num tom de cinzento parvo, em que se ouvem ecos de silêncio agonizante misturados com surdos gemidos, ecos do subconsciente.
É nesta hora que a cabeça entra de fantasia noutras épocas em pensamentos delirantes de outras liberdades.
Me estendo na areia como que pintado de palavras poéticas de delírios, de ideias naufragas de inspiração e se me afasta a audácia e entro no pântano da obnubilação.
É só porque é a hora da sesta e depois no despertar serei invadido de insustentável imaginação para rescrever os poemas mortos que nunca tiveram vida.
Sanzalando
9 de agosto de 2008
docemente
O zulmarinho hoje cheira a mar. Me disseram que tinha que ver com correntes, ventos e luas. Acho só me enganaram, mas eu fingi de acreditar porque às vezes a gente tem mesmo de fazer isso para não vão de pensar a gente tem manias.
Com esse cheiro que me entra no nariz eu lhe caminho paralelo no transporte dum sorriso que até parece eu estou é feliz.
Neste despreocupar eu tropeço numa frase que não sei eu li ou inventei agora de ter ouvido uma kianda que dizem que há mas que nunca ninguém também lhe viu.
De todos os estados de alma o amor é o que mais desdenha a razão e faz cometer loucuras.
De pensar nisto logo eu tropecei na ideia de que quem feio ama bonito lhe parece e que o amor é como uma gota de mel que serve só mesmo adoçar a vida.
Hum! Acho o sol bateu mais forte na cabeça hoje por isso mesmo é melhor eu beber umas quantas birras loiras e hidratar até ter ideias assim menos docementes.
Sanzalando
Com esse cheiro que me entra no nariz eu lhe caminho paralelo no transporte dum sorriso que até parece eu estou é feliz.
Neste despreocupar eu tropeço numa frase que não sei eu li ou inventei agora de ter ouvido uma kianda que dizem que há mas que nunca ninguém também lhe viu.
De todos os estados de alma o amor é o que mais desdenha a razão e faz cometer loucuras.
De pensar nisto logo eu tropecei na ideia de que quem feio ama bonito lhe parece e que o amor é como uma gota de mel que serve só mesmo adoçar a vida.
Hum! Acho o sol bateu mais forte na cabeça hoje por isso mesmo é melhor eu beber umas quantas birras loiras e hidratar até ter ideias assim menos docementes.
Sanzalando
8 de agosto de 2008
gordamente
Ai uê!, tas gordo pá!
Assim, secamentente quando me olham depois de faz tempo que não me vêem. Quase de certeza eles pensam que eu não sei e por isso me estão só a dizer para eu ficar a saber.
De verdade mesmo é que quando eu tou no olhar no eu que está no outro lado do espelho eu não vejo só os 20 kilos a mais que ali estão mas tou no ver de outras coisas que eu sei estão lá e os outros que nem estão a olhar de ver. Ah pois é, que está ali muito mais para ver.
Durante este tempo de reaprender a viver eu aprendi a filtrar a opinião e me esqueci mesmo como é que eu era antes.
Imagino num imaginar de faz de conta que a muitos causa impressão me olhar e ver gente e não aquele caniço atlético filtro de cigarro.
Mas afinal de contas os kilos anulam os meus pensares, a minha actitude ou a minha essência? Só porque estou mais gordo significa que perdi o meu lugar no salão de baile?
Ninguém pergunta se custou muito, como é que foi. É mesmo logo um assim: Estás gordo!
Só por causa disso vou aproveitar o calor e fazer as minhas caminhadas, ver o zulmarinho e cantar-lhe no meu silêncio as canções de amor que um dia eu lhe vou poder dizer assim num ao pé da orelha.
Sanzalando
Assim, secamentente quando me olham depois de faz tempo que não me vêem. Quase de certeza eles pensam que eu não sei e por isso me estão só a dizer para eu ficar a saber.
De verdade mesmo é que quando eu tou no olhar no eu que está no outro lado do espelho eu não vejo só os 20 kilos a mais que ali estão mas tou no ver de outras coisas que eu sei estão lá e os outros que nem estão a olhar de ver. Ah pois é, que está ali muito mais para ver.
Durante este tempo de reaprender a viver eu aprendi a filtrar a opinião e me esqueci mesmo como é que eu era antes.
Imagino num imaginar de faz de conta que a muitos causa impressão me olhar e ver gente e não aquele caniço atlético filtro de cigarro.
Mas afinal de contas os kilos anulam os meus pensares, a minha actitude ou a minha essência? Só porque estou mais gordo significa que perdi o meu lugar no salão de baile?
Ninguém pergunta se custou muito, como é que foi. É mesmo logo um assim: Estás gordo!
Só por causa disso vou aproveitar o calor e fazer as minhas caminhadas, ver o zulmarinho e cantar-lhe no meu silêncio as canções de amor que um dia eu lhe vou poder dizer assim num ao pé da orelha.
7 de agosto de 2008
exitações
Caminho nos meus passos pouco firmes de quem não sabe qual o caminho que vai seguir, sabendo apenas que vai seguir um. É assim, amanhã será assim e depois logo se vai ver como é que foi. Neste caminhar vou dizendo que os meus sonhos são teus, que os meus complexos o são também, que a minha dúvida e as minhas palavras também o são.
Mas a verdade mesmo é que o café sem ser contigo não sabe ao mesmo e ponto final.
Mas a verdade mesmo é que o café sem ser contigo não sabe ao mesmo e ponto final.
Sanzalando
5 de agosto de 2008
devia
Toca o desperdador no seu piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii que chateia. Todos os dias é este martírio. Eu devia era estar de férias, saborear todas as horas mesmo que num sono profundo, mesmo que eu me sinta um gelado a derreter sob o calor que se faz sentir, mesmo que esteja a congelar sob a força potente dum ar condicionado qualquer. Eu devia estar de férias e viajar por palavras de continente em continente, ilha em ilha, de lugar em lugar.
Eu devia era partir este despertador e o seu piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii que faz o favor de me chatear todos os dias.
Eu devia ir de férias e deixar o despertador.
Eu devia, apenas isso!
Sanzalando
4 de agosto de 2008
Assim por assim
Aqui vou eu neste mole caminhar, sentindo-me como uma personagem duma estória que não me apetecia ler, ou por medo, ou por vergonha, ou por outra razão qualquer que nem me apetece perder tempo a procurar.
Me assusto com os pensamentos e as suas consequências, me assusto com os equívocos e as suas desgraças.
Sinto-me mal na pele desta personagem, preferia ser bruxo, espantalho, estátua.
Me assusto com os pensamentos e as suas consequências, me assusto com os equívocos e as suas desgraças.
Sinto-me mal na pele desta personagem, preferia ser bruxo, espantalho, estátua.
Mas afinal de contas sou a personagem principal deste filme.
Sanzalando
2 de agosto de 2008
caminha comigo
Neste traço de caminho feito em letras, palavras e frases só te posso dizer para que não caminhes à minha frente porque posso não seguir-te, assim como não deves caminhar atrás de mim porque poderei não saber guiar-te. Caminha mesmo só a meu lado para podermos conversar sobre tudo e sem nada em especial.
Caminha comigo mesmo que nos entendamos através do silêncio ou mesmo que nos doam todos os músculos de tantas palavras proferidas, porque é preferível termos uma dor de tanto procurarmos, do que termos paz por nos termos renunciado à busca.
Caminha só mesmo a meu lado e me acompanha nesta procura de um sorriso, duma alegria, dum momento de felicidade.
Olhando para todas as minhas palavras, paradas no tempo passado, eu penso que fui mudando ao longo dos tempos. Encontro palavras cinzentas condizentes com o cabelo, encontro palavras soletradas parecidas com as rugas, vejo palavras desfocadas idênticas às névoas vistas das cataratas.
Caminha comigo que faz tempo que perdi o meu ar selvagem e não te deixo parecer mal.
Caminha comigo porque eu não quero estar só.
Caminha comigo mesmo que nos entendamos através do silêncio ou mesmo que nos doam todos os músculos de tantas palavras proferidas, porque é preferível termos uma dor de tanto procurarmos, do que termos paz por nos termos renunciado à busca.
Caminha só mesmo a meu lado e me acompanha nesta procura de um sorriso, duma alegria, dum momento de felicidade.
Olhando para todas as minhas palavras, paradas no tempo passado, eu penso que fui mudando ao longo dos tempos. Encontro palavras cinzentas condizentes com o cabelo, encontro palavras soletradas parecidas com as rugas, vejo palavras desfocadas idênticas às névoas vistas das cataratas.
Caminha comigo que faz tempo que perdi o meu ar selvagem e não te deixo parecer mal.
Caminha comigo porque eu não quero estar só.
Sanzalando
1 de agosto de 2008
estória antiga que me lembrei de contar hoje
Estava sentado debaixo do caramanchão de buganvílias que um dia resolveste fazer no teu quintal. Faz uma lixeira que a tua filha todas as 6 horas da madrugada vem varrer para que tu não notes. Não sei mesmo já se são só as flores ou se também as folhas se deixam cair num desanimar de tempo. Num repente me lembrei de ti, avô. Vinhas tu no teu fato, do teu sempre trabalho, nas tuas horas sempre certas, me atiraste os braços e eu te disparei uma pergunta com a minha voz de criança, de meia dúzia de anos:
- Que me trouxeste?
-Nada. Me respondeste invariavelmente porque sabias que eu ia te revistar todos os bolsos e ia, invariavelmente, encontrar um caramelo, um rebuçado ou uma chuinga num dos teus bolsos. Sempre num bolso diferente para dificultar a minha paciência.
De imediato te retribuía com um beijo. Era o preço que eu tinha que te pagar por esta carícia.
Me lembro que todas as noites desse tempo de criança, me acompanhavas ao quarto e antes de te recolheres ao teu, conferias a minha posição e me aconchegavas a roupa de cama.
Me lembro que isso durou uns poucos anos. Hoje, ao recordar tudo isso sinto o desejo que tudo voltasse numa repetição moderna, actualizada e de preferência com muitos capítulos. Foram muitos insuficientes esses poucos anos.
Hoje, caminhando ao longo do zulmarinho, eu grizalhado, me custa saber que não estás aqui, que não me vais fazer as cócegas que adoravas fazer quando me apanhavas distraído num olhar para um futuro indefinido através da janela da velha marquise, não me vais perguntar se fiz os trabalhos da escola, não me vais fazer as perguntas de História.
Um dia assim, que já nem me lembro que tempo fazia, deixei de ver-te. Assim o mais do mesmo que já tinha acontecido com o meu pai estava a acontecer-me com o avô. Me lembro de ver a avó chorar. Não sei se mais alguém chorava lágrimas que se vissem, mas tenho a certeza que muitas lágrimas caladas ganharam liberdade. A mim me disseram só que tu tinhas partido e agora eras mais uma estrela do céu. Eu, nessa noite, escolhi a estrela que eras tu. Já te mudei de posição no céu algumas vezes, mas ainda lá estás para eu te olhar e te falar as nossas coisas.
Um dia, alguém me vai ter de explicar porque é que as pessoas boas partem assim num definitivamente sem um dizer de até já. E será bom que tenham uma explicação muito boa que me convença.
- Que me trouxeste?
-Nada. Me respondeste invariavelmente porque sabias que eu ia te revistar todos os bolsos e ia, invariavelmente, encontrar um caramelo, um rebuçado ou uma chuinga num dos teus bolsos. Sempre num bolso diferente para dificultar a minha paciência.
De imediato te retribuía com um beijo. Era o preço que eu tinha que te pagar por esta carícia.
Me lembro que todas as noites desse tempo de criança, me acompanhavas ao quarto e antes de te recolheres ao teu, conferias a minha posição e me aconchegavas a roupa de cama.
Me lembro que isso durou uns poucos anos. Hoje, ao recordar tudo isso sinto o desejo que tudo voltasse numa repetição moderna, actualizada e de preferência com muitos capítulos. Foram muitos insuficientes esses poucos anos.
Hoje, caminhando ao longo do zulmarinho, eu grizalhado, me custa saber que não estás aqui, que não me vais fazer as cócegas que adoravas fazer quando me apanhavas distraído num olhar para um futuro indefinido através da janela da velha marquise, não me vais perguntar se fiz os trabalhos da escola, não me vais fazer as perguntas de História.
Um dia assim, que já nem me lembro que tempo fazia, deixei de ver-te. Assim o mais do mesmo que já tinha acontecido com o meu pai estava a acontecer-me com o avô. Me lembro de ver a avó chorar. Não sei se mais alguém chorava lágrimas que se vissem, mas tenho a certeza que muitas lágrimas caladas ganharam liberdade. A mim me disseram só que tu tinhas partido e agora eras mais uma estrela do céu. Eu, nessa noite, escolhi a estrela que eras tu. Já te mudei de posição no céu algumas vezes, mas ainda lá estás para eu te olhar e te falar as nossas coisas.
Um dia, alguém me vai ter de explicar porque é que as pessoas boas partem assim num definitivamente sem um dizer de até já. E será bom que tenham uma explicação muito boa que me convença.
Sanzalando
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