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6 de setembro de 2008

Afinal não te escrevo uma carta

Te escrevo uma carta que sei que nunca a vais ler porque eu não ta vou mandar. Mas escrevo na mesma para limpar os meus pensamentos. Nunca ninguém saberá desta carta além dos meus olhos e do que me resta da memória. Nunca saberás o que te escrevi quando já tinha o cabelo cinzento muito claro, a pele mascarada de socalcos enrugados e o olhar esforçado de ver longe de mais.
Te escrevo uma carta enquanto espero o sol que eu sei que nunca saberás se chegou ou não.
Enquanto penso no que te escrevo dou uma olhadela para a janela e revejo o que já vivi, as ondas melancólicas do passado e a tristeza da solidão.
Rasgo da cabeça as palavras pensadas e não te escrevo uma carta que eu sabia que nunca a ias ler porque eu nunca ta mandaria.

Sanzalando

1 comentário:

  1. Um sonho abafado mas não sepultado, é como a própria vida, há um desejo tão grande que tudo e qualquer insignificância rompem esse cerco, uma dimensão que se mete por ali dentro... Dúvidas, interrogações, certezas ou nem por isso fazem parte das vivências, acredito zulmarinho no que sussurras:
    "Diz-se que os olhos são o espelho da alma.
    Diria que os olhos são a voz da alma e a indiscrição da voz" .
    Rebuscado no baú das "estórias à beira-mar".
    Beijos

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