recomeça o futuro sem esquecer o passado

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31 de janeiro de 2009

Dando a Volta ao Mundo da Imaginação(VI)

Hoje me vou contar uma estória, porque eu preciso descansar.
Me sento e fico com toda a atenção do mundo virada para mim porque me quero ouvir.
Mas qual estória mesmo eu vou contar? A biografia não autorizada de Anastácio Zeferino? Não, que essa não interessa e ainda por cima pode ser que não seja verdadeira por isso é que ele não autorizou.
Às voltas neste diálogo entre eu e o mim eu cheguei a Camberra que é a capital da Austrália que fica lá no outro lado do globo, que a gente até tem de dar uns passos para lhe olhar do outro lado. Afinal não é Sydney, embora a gente pensa que é, só porque é esta que aparece nas fotos todas quando a gente fala de Austrália. Mas Camberra é que é mesmo, que lá na língua nativa quer dizer ponto de encontro. Como aquele continente que é ilha é tão grande e tem tão pouca gente que eles marcaram um ponto de encontro para se encontrarem e ainda por cima não tem mar porque é no interior. Também é cidade feita de encomenda para ser capital. Nem Sydney nem Melbourne , que foi a capital até construírem Camberra, que é feita de raiz, numa espécie de cidade e jardim ao mesmo tempo.
Mas isto era mesmo só por causa de que eu estava à procura duma estória e dei um salto até parecia canguru. Mas afinal de contas eu estou a fazer o quê aqui sentado a olhar a imaginação a voar por aí fora? Vejo o Uluru, que é o maior monólito do mundo. É composto de arenito impregnado de minerais como feldespato e eu lhe calcorreio duma ponta a outra num passo de caminhar devagar. Daqui de cima eu ia dizer que o mundo é chato de plano mas eu sei de saber escolar que ele é redondo e que eu daqui não consigo ver o deserto que também está aqui perto. Deserto é um mar de areia feito ondas que são as dunas e onde a chuva tem muito tempo esqueceu de lhe regar.
Mas tas a pensar o que? Aqui também tem uma parte que é floresta tropical . Vês, aqui tem tudo que até tem uma barreira de coral que é o maior recife de coral do mundo.
Afinal eu ia fazer mais o quê?

Sanzalando

29 de janeiro de 2009

Dando a Volta ao Mundo da Imaginação(V)

Me sentei aqui e assim sem mais nem menos desatei a espirrar indiscretamente. Pensei mesmo era um espirro de amor. Afinal mesmo era o vento frio que soprava do Evereste que me estava a dizer que eu não devia estar assim a olhar lá para cima daqui do lado do Nepal mas do lado do Tibete. Isto sou eu a pensar, que escalar só mesmo o peixe escalado. Eu é mais sentado a olhar e neste exacto momento me lembro dos que tentaram subir e nunca mais a deixaram e vai dai desatei a matutar o que leva essa gente a subir montanhas que não são as da vida. Mas são coisas que me ultrapassam e então me sento em Katmandu e desato a pensar que foi neste pequeno e pobre país que nasceu Sidarta Gautama, conhecido como o Buda, ou seja, aquele que despertou para a verdadeira natureza dos fenómenos, isto é, o entendimento de que todos os fenómenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Baralhei-me? Acho que não e por isso estou sentado, que assim não caminho ao deus dará e consigo ver os vales para além das montanhas e das suas rotas que acho já estão parecem carreiros como os caminhos da minha terra.

Foi aqui que cheguei ao Nirvana. O ponto mais alto da minha meditação. Também é aqui o ponto mais alto da terra, ou não?




Sanzalando

27 de janeiro de 2009

Dando a Volta ao Mundo da Imaginação (IV)


Caminho sob a folha branca do papel como se ela tivesse um mapa desenhado. Olha a grande China. Em todos os aspectos grande. Já sei que os chineses são pequenos mas os Homens não se medem aos palmos. Foi assim que me ensinaram e é assim que eu lhe olhos e mais nada. Consigo ver a Grande Muralha e na minha bicla lhe percorro os kilometros como se estivesse na minha prova de resistência mental e física. Tiro a camisa ensopada de esforço e me sobressai o made in China. A própria bicla que eu comprei na outra ponta depois dos Urais e também tem o autocolante do Made in China. Visito Pequim que leio a Beijing e não sei porquê esta confusão, quando me tinham dito que os nomes não devem ser traduzidos. Tenho tosse do ar que respiro que não me deixa ver mais além que a neblina duma manhã de nevoeiro em pleno meio dia de verão.
Quando dou por mim já visitei as dinastias Ming e a Tang, que me fez logo lembrar um refresco de corantes e conservantes. Já entrei em Guerras, até do Ópio que eu pensava que era outra guerra ainda actual mas pelos vistos já vem desde muito além do dia em que eu aprendi estas coisas úteis que me servem hoje. Depois de passar o Rio das Pérolas me lembrei de Mao Tsé-tung que afinal é Mao Zédong e que ele tinha feito a grande Marcha que até já me doem os pés só de pensar. Ele já deve estar virado do avesso com essa de um país e dois sistemas. Deve ser o sistema do dia sim e dia não.
Continuo a pedalada que deve dar para dar a volta à secretária onde está o meu mapa em papel completamente em branco.
Na verdade de tanto pedalar já me doem os músculos incluindo os que eu nem sabia que tinha. Fui num médico que me espetou com alfinetes que eu nem senti, mas a verdade é que agora já não sinto nada e não sei bem porquê que é.
Me baralharam que deve ter a ver com o Ginsen, a sopa de Ninho de Andorinha ou com a barbatana dum tubarão que deve ter assustado algum pescador dum barco de junco qualquer ou dos rebentos dum bambu que afinal são folhas de alho francês.
Me dão um livro para ler enquanto eu tento pôr os nervos no seu pé de equilíbrio e tinha de ser logo o Confúcio que me confusa de vez. Recolho-me num tempo e serenamente entro em delírio que até penso que sou Buda, pela forma como me sento e começo a imaginar-me numa grande avenida a suavizar os meus gestos e a controlar as minhas pesadas palavras.
Encosto a bicicleta a um lancil do pensamento e medito na transcendência da minha existência para lá de mim. Amareleci antes de empalidecer.






Sanzalando

25 de janeiro de 2009

Dando a Volta ao Mundo da Imaginação (III)

Estou sentado como se estivesse num cinema. No ecran da televisão projecta-se uma mulher que canta. Muita cor, muita alegria a rodeia. Gente que faz couro, gente que dança. Um mundo irreal e eu deixo-me embalar. Entro em Bollywood, Sinto o perfume a caril, prevalece o vermelho e o amarelo torrado. Fecho os olhos e quase posso tocar no esquelético corpo de Mahatma Gandhi emquanto me entra umas ideias de paz de espírito corpo adentro. Mas tomo balanço e como que viajando nos anéis de Saturno encontro-me em Bombaim, assisto ao ataque e me revolto enclausurando-me no Taj Mahal, obra feita com a força de cerca de 22 mil homens, trazidos de várias cidades para trabalhar no sumptuoso monumento de mármore branco que o imperador Shah Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, a quem chamava de Mumtaz Mahal ("A jóia do palácio"). Ela morreu após dar à luz o 14º filho. Mas afinal onde é que estou hoje?
Ah! Agora Calcutá. Vou até Goa. Depois, depois...
Vou mergulhar no rio Ganges, purificar-me de corpo e alma.
Bolas, porque é que me acordaste?





Sanzalando

24 de janeiro de 2009

Olá mãe

Hoje passei a ser filho duma octagenária. Estou de parabens por ter uma mãe assim que nem tu. Estou de parabens porque conseguiste fazer-me assim que nem eu sou. Estou de parabens, mãe, porque além de seres a Minha Mãe ainda és a Minha Amiga.
Obrigado mãe por me aguentares estes anos todos e ainda seres capaz de ralhar quando a razão te assiste.
Um beijo grande, mãe, por este dia que está agora a começar.

Sanzalando

23 de janeiro de 2009

Dando a Volta ao Mundo da Imaginação (II)







Rabisco uma palavras numa folha de papel.
Mas o que é isto? Verdadeiros hieróglifos. A minha letra está indecifrável. O que é que se está a passar por esta minha mente imaginada por mim?
Ao certo a minha cara ficou parecida com a Grande Esfinge e o meu pensamento é um bloco como a Pirâmide de Gize.
Eu que primava pela letra mais que perceptível.
Deve-me estar a passar uma tempestade de areia pelo cérebro. Abrigo-me num olhar para o horizonte como quem não está a ver um boi à frente. Pouso a caneta. Imagino-me a trabalhar a terra no delta do Rio Nilo. Visito Alexandria e depois perco-me no trânsito irreal da cidade do Cairo. Agatha Christie viaja comigo rio acima. Jacarés me sorriem nos seus dentes todos. Tutankhamon conversa comigo problemas de adolescência. Dou-lhe conselhos que imagino que não mos ouve pelo que mudo de rumo e vou pôr-me à conversa com Ramsés II, que me conta as suas guerras, a traição das espias e o ter sido abandonado pelos seus soldados, ficando frente a frente, sozinho, perante os Hititas. Conta-me as rezas que fez a Amon e lamenta-se-lhe o destino. Vejo-lhe um brilhozinho nos olhos quando me diz que Amon o escutou e ele, Ramsés o segundo, transforma-se num guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os Hititas. Finjo que acredito e mudo de página mental, não vá ele ofender-se e rogar-me alguma praga. Dou um salto a Napoleão Bonaparte que aqui também andou, como depois andaram os ingleses, os alemães, os isto e aquilo.
Volto à minha folha de papel e tento escrever qualquer coisa que não consigo.
Adormeço sonhando como um qualquer Indiana Jones.





Sanzalando

21 de janeiro de 2009

Dando a Volta ao Mundo da Imaginação(I)

Umas gotas de chuva na minha pele fizeram estremecer o carisma que julgava ter. A minha roupa empapada tornou-se pesada como as pedras das ruínas da Grécia Antiga. Pelo menos assim me sentia, um monte de pedras dispersas que outrora tivera significado. Hoje pouco mais sou do que valor histórico.
Suspirei num silêncio profundo como quem busca uma ideia, uma salvação.
Sorri e como num novo alento pensei em Roma, mas logo enumerei as pedras do Coliseum, da Via Ápia e do Fórum Romano. Caminhos que não me levam a lado nenhum porque não lhes conheço. Lembro-me vagamente destes nomes num ter decorado por obrigação.
Suspirei de novo num respirar paciente.
Sorri e passeei-me nas ruas da tua mão enquanto procura palavras para fazer o meu primeiro poema. Mas o meu cérebro estava mudo pelo que voltei a suspirar ao mesmo tempo que uma rajada de vento quase me arrancava o cabelo. Protestei. Gritei.
Senti um calafrio. Uma arrepio. Tremi sem já saber se era medo, frio ou raiva.
Afinal de contas era uma felicitação congelada pelas estórias que nunca contei, pelos sentimentos que nunca senti.
Como é que eu podia ter feito tantas essas coisas se eu não existo, se eu sou apenas o fruto da minha imaginação?

Sanzalando

19 de janeiro de 2009

outros os tempos


Durante uns tempos, modo indefinido, não vou falar da minha saudade, da minha nostalgia, das lágrimas secadas pelo vento do tempo. Durante uns tempos vou-me descansar da saudade, dos medos, das alegrias, sorrisos e perfumes que deixaste em mim. Não estou doente, não estou zangado e nem sei se há motivo para que assim seja. Apetece-me apenas deixar descansar este amor, refogá-lo em aromas de ternura calada.
Não é preciso manifestações, petições e outras questões, que este blog não vai encerrar, vai andar mais devagar por outros caminhos e outros silêncios gritados na primeira pessoa.

Sanzalando

18 de janeiro de 2009

(07) - Texto Pedido - Acácia

ACÁCIA
Acácia seca, despida,
Bordejando os caminhos
Passam por ti e desdenham
Teus braços esguios, sedentos,
Na tranquila sonolência
Da tarde que vai morrendo.
Despertas! Já não és penumbra esguia.
És raiz feita flor,
Deixas de ser una, és múltipla,
Brotando toda em botões
Como sangue em borbotões
E raios de ouro em pó
Escorrendo das ramagens.
Talvez tu, na hora calma
Consigas colher estrelas…
Apanhar essa riqueza
Que vem deo sol e da brisa
E no teu tronco desliza…
Entre nuvens, vento e mar,
O teu destino é passar
A tirar sempre o melhor
Do pouco que a terra tem.
VERA LUCIA


Sanzalando

14 de janeiro de 2009

Repouso das palavras

Hoje me apetece atirar a caixa das palavras para cima da mesa e escolher as que consigam dizer o que eu vejo na minha alma. Mas estas palavras não têm cor… Vou usá-las em cinzento pálido. Mas tantas palavras repetidas… Não, esta caixa não tem as palavras que eu preciso. Com estas eu vou fazer um monte e ficar a ver se sai dali algum sentido. Não, são palavras vazias. Ocas mesmo. Não, estas palavras além de nada dizerem nem um perfumezinho têm.
Acho que chegou na hora de deixar pousar estar palavras num repouso merecido e ver se algum dia elas crescem e vão dar a algum lado.

Sanzalando

13 de janeiro de 2009

Agradecer ou não

Eu até que devia agradecer ao frio e ao vento. É, eles me fazem fechar os olhos e estar aqui, junto na lareira, a lhe pensar numa de aguardar em silêncio um toque, uma chamada que me devolva o sorriso. Mas em cada segundo eu noto que a boca dela nem mexe para dizer um alô que eu estou aqui, me entro na obscuridade da desilusão e os meus olhos reflectem o olhar triste da espera.
Portanto nem ao frio nem ao vento eu tenho que agradecer. Acho só que tenho de estar no silêncio do comportamento provocado pela tristeza de não ser feliz na espera, ou então esconder-me até ser descoberto pela palavra mágica que um dia eu sei ela vai chegar.
Um dia vai deixar de estar vento, vai deixar de estar frio e eu vou estar a gargalhar todas as gargalhadas que não gargalhei e ai, então, eu vou agradecer com os olhos brilhantes de estar feliz.

Sanzalando

12 de janeiro de 2009

É do frio

Deve de ser mesmo do frio.
Enroscado sobre mim e dei-me a ver que não te sentia e que só apareces no meu cérebro quando te apetece, quando achas que é a melhor altura para ti.
Quando os dias são sombrios e eu estou afogado na nostalgia ai apreces tu na tua arrogância de princesa, dona e senhora dos meus pensamentos, sabendo que eu te deixo entrar. Débil.
Eu já sei que sou um pecado que transporto no sonho os desejos de ser acariciado pelo teu vento, agasalhado pelo teu calor e perfumado pelos teus odores.
Morrer seria mais fácil. Morrer de frio, por exemplo, destruído pelo cortante vento norte. Destruir-me ser-te-ia mais aprazível.
É do frio que te falo assim porque eu sei que não existe remédio, não há cura para este sofrer, a não ser esperar que uma dia tu acordes e chames por mim, pouco importando o estado do tempo.

Sanzalando

11 de janeiro de 2009

A vida é Bela


Tem momentos que o som não sai da garganta, assim se copia e se diz o que se queria dizer.


Sanzalando

10 de janeiro de 2009

Palavras sólidas

Já sei que racha ter assim tanto frio. Mas me aguento neste frio de rachar. As palavras são assim como que acompanhadas por uma nuvem de vapor, que eu acho estivesse só mais um bocadinho de frio até te chegarem no ouvido elas iam dar uma voltas que até parece estavam a brincar no ar. Imagina só as palavras a piruetar até te entrar no ouvido. Olha elas a fazer bolinhas de neve, a brincar ao atira atira antes de tu as ouvires.
Afinal de contas é bonito ter um frio assim de rachar. Eu não gosto. Mas que é bonito é.
Olha só as palavras em forma, numa fila direitinha prontas a te entrar pelos ouvidos. Lenta e geladamente frescas.
É hoje que, com palavras sólidas, eu te quero adiantar que quero ter a tua força, ter o poder dos teus olhos quando os meus estão cegos de amor.
É hoje que eu vou voltar a solidificar as soletrações que te disse nas noites quentes que me deitei no teu colo.

Sanzalando

9 de janeiro de 2009

Silêncio de frio

Está silêncio. Um branco silêncio. Acho mesmo foi o frio que calou o silêncio.
Se respiro doi quando o frio entra, se não lhe faço, fico roxo.
Dilemei-me com o que vou fazer mas respiro sem me ralar mais com o frio, desde que não me cinzente a alma, o cérebro e a vontade de ser cada vez mais novo. Mas entre o desaparecer na coberta duma mantilha e o respirar geladamente, eu prefiro este lado negro do inverno.

Sanzalando

8 de janeiro de 2009

Tremo


Tremo. Ansiedade? Frio? Sei lá. Mas acho mesmo é frio de alma. Eu sei que tu não me ouves, não me vês, nem me lês e eu queria que tu pensasses que eu estou contigo, que eu te agradeço estar no teu colo quando estou assim num tão longe que nem no mais alto pedestal eu te consigo ver.
Tremo porque eu gostava de ser lua e te ir espreitar esta noite, como a noite de ontem e a de amanhã.
Tremo porque te queria ver brilhar. Simples.
Ansiedade? Se calhar com a vontade de soletrar o teu nome aos quatro ventos.
Tremo por saudades de te dar um beijo sob o escaldante sol que me transpira.
Tremo por ti em mim.




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Sanzalando

7 de janeiro de 2009

Disquei-te


Disquei na minha mente o teu número de telefone, como se tu tivesses um número só para mim. Queria dizer-te todos os meus sentimentos num soletrar de palavras na forma de num eventual cruzamento de linhas não ficar um equívoco pairando no ar. Queria ler-te o meu pensamento sublinhando a parte mais sensível.

Queria dizer-te o mal que nos fizemos, aflorar a doença que nos infligimos, queria traduzir-te o desespero das lágrimas secas que te choro.

Voltei a discar o número que tu tens só para mim.

Insisti tantas vezes que cheguei à conclusão que afinal não tenho o teu contacto e por isso desliquei-me num embrulhar de quem foge do frio.



Sanzalando

6 de janeiro de 2009

Enroscado de frio


Enroscado de frio me deixo levar por sonhos e sinto as minhas mãos criando túneis sobre ti como se estivesse na praia e brincasse na areia. Sinto-me nas nuvens sentido a tua areia a passar-me por entre os dedos. Desenho letras soltas como que se tatuasse o teu corpo. Sinto o teu calor como que um vulcão me eruptasse por dentro.

Não tenho febre, não sofro de delírios nem maluquei nas últimas horas. É mesmo só vontade de te sonhar como quem sonha uma realidade.

A minha língua se me enrola quando te quero sussurrar algumas palavras que a distância não abafaria nem apagaria, pelo que te emito as ondas do meu pensamento como quem reza em silêncio.

Enroscado no frio navego-me nas ondas dos sonhos sonhados acordado como quem vê um filme de imaginação.



Sanzalando

5 de janeiro de 2009

Um passo e dou de acácias


Olho-me e me vejo numa forma de sossego, inapetência até. Se der um passo em frente acho vou cair.

Assim, de forma coordenada dou uns tantos passos atrás e retrocedo até ao sonho em que mergulho na água salgada, agradavelmente quente, dou umas braçadas como se fosse um campeão, e me esqueço de todos os mortos da minha vida. Tantos e tantos que a alguns eu pedia uma reencarnação, mas apenas deixo cair uma lágrima como que para lhes descansar o espírito, como que para estar em paz comigo.

Eu sei que é Inverno, que os dias são eternas madrugadas, que o frio me leva para dentro de mim. Eu sei tudo isso mas desconsigo de sonhar com os dias quentes em que até as minhas lágrimas sorriem. Desconsigo sonhar com o perfume das acácias que começaram a florir.


Sanzalando

4 de janeiro de 2009

Futuramente não sei

Voltou a arrefecer e o sol timidamente tenta mostrar-se-me por detrás das nuvens. Tão tímido que eu nem dou por ele e me parece que o dia se transformou numa eterna madrugada. É assim que me apetece transformar o dia numa meditação agasalhada sobre o sofá, faz conta era antes. Uns dizem é preguiça eu acho mesmo é só sentido de oportunidade. Faz mal, quer um quer outro têm razão pelo que eu fico na mesma e a pensar no que vou fazer este ano inteiro. Feitas as contas conclui mesmo é o que eu não vou fazer. Acho que não me apetece dar a volta ao mundo em bicicleta, não me apetece ir esquiar nos Himalaias, dirigir uma orquestra ou tentar imaginar o que me reserva o futuro.

Assim, vou fazer mais como?


Sanzalando

3 de janeiro de 2009

Mudando de quando em vez

2009. Hoje vou mudar. Não vou falar. Não vou fotografar. Não vou filmar.
Vou mesmo é copiar. Achei giro, interessante e importante.
Por isso...





Sanzalando

2 de janeiro de 2009

Fui ver o mar

Hoje abandonei-me e fui ver o mar. Tinha saudades de ver azul. Tinha saudades de sentir a maresia. Tinha saudades de escutar as ondas.

Não me perguntei quem sou nem se me conheço faz muito tempo. Não me perguntei dos sonhos que tenho sonhado nem se os tenho vivido, nem se os quero viver. Afinal de contas eu não vivo, eu sonho.

Hoje abandonei-me e fui ver o mar. Tinha saudades de ver a minha cara, a cara de quando eu vivia, de quando eu via o crescimento das rosas e subia nas árvores para apanhar as castanhas.

Não me perguntei a idade porque tenho-as todas e os anos de verdade são tiros com que fui fuzilado neste corpo que deixou de viver para sonhar.

Hoje abandonei-me e fui ver o mar.

foto de sãobranca
Sanzalando

1 de janeiro de 2009

2009 se começa em silêncio

Larguei a mantilha, descansei a tosse e falta-me recuperar a voz e alguma vontade.
Como assim vou fazer mais como?
Escuto música musicando o alfabeto, a alma e os pensamentos num presente infinito que me ofereço. Problema é só que de música eu sou mesmo é surdo e completamente desmemoriado. Assim acabo de ficar no silêncio submerso nas palavras que não te disse quando te podia olhar nos olhos em tempo indefinido.
Neste profundo silêncio a minha alma se revolta e meu coração grita desejos de doçura. Vejo completar-se o dia nas horas que passam num avançar lento de monotonia.
Afinal de contas o meu dia começou com o teu silêncio para sempre, tia.

Sanzalando