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6 de maio de 2017

Poesia em noite de primavera

Hoje me apetece ser poeta. Caneta de aparo, tinta permanente. Sebenta vermelha. Olhos de paixão. A paixão é boa para se escrever. É boa para se ser poeta. Hoje me apetece ser poeta.

Não me ensinaram a  apaixonar,
nem me disseram que é bom ter paz,
só me dizem para amor dar
com toda a energia que for capaz.

Querem-me porto seguro,
seja a bóia de salvação,
que dê amor puro
mesmo que seja de perdição.

Não me deram chave de porta,
não me tiraram os medos,
nem fantasmas de gente morta
das memórias dos meus segredos.

Não me acenderam a luz,
não me deram um quarto claro,
ensinaram-me o sinal da cruz
não fosse eu ser um ser raro.

Não me ensinaram nada
do tanto que aprendi,
de livros, quase nada,
de música, apenas a que ouvi.

Ai os meus livros arrumados,
tantos de auto-estima
por ali deixados
à espera duma rima.

Sem bem saber fui chegando,
me salvando de armadilhas,
umas vezes tropeçando
entre metros, polegadas ou milhas.

E lá me fiz poeta,
dos versos ditos
com a rima certa
e ideias aos gritos.

Acordei. Me apeteceu rasgar a folha que estava escrita com tinta permanente e assim mantive a permanência do que escrevi


Sanzalando

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