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7 de fevereiro de 2018

imagem de frio feito

Sopra vento, acho eu é de norte. Pouco me importa de onde ele sopra se é frio que eu sinto. Escondo-me a um canto como que a abrigar-me sei lá bem eu de quê, e deixo o que resta do pensamento vagabundear-se por aí.
Ouço o marulhar. Sinto o perfume da maresia. Sinto o sabor a sal no ar.
À cabeça chega-me imagem de outras eras, outras alturas onde imperava o preto e branco ou o colorido garrido da minha inocência. Ela, a imagem, tinha um olhar forte, intimidador, enquanto eu sorria mesmo assim. A sua cara era fria, carrancuda e inexpressiva. A sua inteligência não transparecia na face e se tinha talentos não sei. Mas a imagem não me saia da cabeça. Não socializava comigo. Estava ali a perturbar o meu momento como se fosse eu a criar a sua imagem imortalmente para mim.
Continuei a sorrir. Abanei a cabeça como que a querer liberta-me, a querer livra-me da criação mental. Me encantei com a falta de sorriso, com o intimidador olhar penetrante e inexpressivo. 
Ela era de outro mundo ou eu estava só a caminhar para o gelado mundo dos vivos daqui.


Sanzalando

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