Um dia, já esqueci do tempo que lhe passou por cima, vim parar num lugar que além da divisão dos dias e meses tinha também as estações, que não são como as dos comboios nem as dos radios. Cacimbo e calor tinham ficado no outro lugar. Neste lugar tem três meses de frio de gelar até no osso. Três de tempo é mistura a dar assim para aquecer, tirado o vento, a chuva e o granizo. Três de calor que até parece o suor vai desaguar num rio próximo. E tem outros três que alem das folhas caírem das árvores, tem frio, tem vento, tem chuva e tem desvontades de fazer nada. Nessa da primavera, que foi a segunda que falei, porque aqui comecei pela primeira quando cheguei, este ano foi diferente. Sem tirar nem pôr foi igual na primeira. Até ontem, porque ontem vi o zulmarinho da mesma cor que lá no principio dele. Mas não tem pica-pica porque esse não ia sobreviver no gelado mar em que ele se transformou. Hoje nem dedão lhe dei a tocar, ouvi coros a fazer breeee de frio. Amanhã vai ser outro dia e lhe desconheço a cor, o brilho ou a temperatura.
Sanzalando
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