recomeça o futuro sem esquecer o passado

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29 de outubro de 2018

congeladamente

Ai, mamã. Está frio que meus miolos se vão partir congeladamente. As ideias parece foram com o vento frio, que me disseram vem da Islândia. Nunca lá fui, porque é que mandam o frio deles para a gente? Mas assim até o zulmarinho se acinzenta de arrepio e a areia voa baixinho que lixa as pernas de quem de calções se passeia, faz conta é atleta.
Mas mesmo assim lá vou eu insistindo no meu caminhar por aí, degrau a passada ou vice versa que a arbitrariedade não é para aqui julgada. Rindo, sorrindo, sempre desejando o sol mas não regrido na clausura por isso. 
Positivo pensamento para a frente porque a tristeza é para outro dia que não quero ver chegar nunca.
Agradeço sorrindo até nas pessoas que passaram na minha vida e lhe quiseram dar uma volta com os meus sentimentos e depois lhes abandonaram por aí, num acaso dentro de mim. É, foi assim que eu sou quem sou. Eles me ajudaram.
É, a vida parece um problema difícil de resolver mas é só naquele instante, depois se aprende parece é lição dada por professor experiente.
Outonomamente se vai em frente,olhos protegidos do vento e corpo aquecido para não resfriar.


Sanzalando

21 de outubro de 2018

amizade outonal

Resplandeceu o sol que parece voltou com brilho de verão. O engraçado dele é que ele trás o sorriso nas caras carrancudas de outono e o brilho nos olhos mortiços da cinzenta manhã que parece não consegue romper o cacimbo da aurora.
Com o sol me trouxe tambem a vontade de ver o zulmarinho e meditar enquanto lhe caminho paralelo, assim num vagabundear de ideias aparentemente soltas mas se pegadas na ponta se vai até à outra ponta da meada, com muitas interrogações entremeadas.
A amizade vai para além da lealdade, do estar ao lado, do respeitar, do proteger ou guardar. Mete ai escutar, entressanduicha aí complementar ou abraça a ideia de ser a peça que falta num dado momento impreciso quando é preciso.
Assim vou eu aproveitando o sol de outono quase verão.
Junta nisso tudo aquela palavra que abriu a ferida, que consome a comodidade de estar de acordo, que deu assim um choque no peito que até parece uma chapada sem mão. Assim, tudo bem misturadinho e está a amizade. A verdadeira, aquelas que ficam independentemente do que quer que aconteça ao tempo de sol ou ao de relógio.


Sanzalando

19 de outubro de 2018

abraço de outono

Não sei sei já repararam mas os abraços são laços que unem as pessoas, são gestos que apertam corações e são doces carícias na alma que às vezes fazem brilhar os olhos. No outono, nos dias mais cinzentos do outono, os abraços podem aquecer como lareiras os corpos frios de sentimento.
Mas eu adoro abraços e não vou na bola com o outono. Aproveito os abraços e com eles vejo as estrelas que podem aparecer no céu desnublado do ar frio da noite.
Dou abraços e aveludo a minha voz porque não me apetece mais usar palavras duras de inferno. Dou abraços para apagar a ansiedade causada por qualquer dúvida ou por qualquer desnorte de tristeza.
Outonomamente te abraço


Sanzalando

17 de outubro de 2018

deslumbro-me de sol

Olha só o brilho deste sol de outono. Nem ponta de cacimbo. Vou me olhar no zulmarinho e me encontrar nos meus pensamentos, vou-me abrir por dentro e vasculhar-me num todo para descobrir tempos de ócio e saudade.
Vou procurar nesse brilho de sol onde se encontra a poeira do meu passado e com ela fazer um montinho dele e com ele saborear meu futuro num acto de ver cinema dentro de mim.
Deslumbrei-me de sol



Sanzalando

15 de outubro de 2018

cumprir outono

Chuvisca um cacimbo que nem dá para ver onde vou. Não porque é cerrado, mas só porque não dá jeito andar de olhos abertos e os óculos estão a deformar o caminho. Me deram um verão para delirar e agora me resta um outono para vagabundar-me em caminhos imagináveis ou de memórias feitos. Eu sei que a minha mãe dizia que eu quando fosse crescido ia compreender muita coisa que me levava a fazer birra naquela altura. Parece ainda não cresci uma vez que ainda não entendo muita coisa que passa nesse verão da vida.
Não vou nem sou de prometer o que quer que seja. Pavor de não cumprir ou se é para fazer que seja, estas as razões.
Eu vou cumprir o outono levando o meu sorriso, a minha energia e a minha memória e quem sabe algum crescimento. Quanto a promessas prometo que vou rir, mesmo que seja riso idiota, vou partir em aventuras mesmo que seja uma aventura sair de casa em dia de frio ou chuva. Prometo ser um porto seguro se ninguém precisar dele. Vou comer bolos e chocolate, vou andar de canal em canal num zapping pela vida. 
Vou cumprir o outono com frases desfeitas e palavras erradas, idas ao parque infantil, à saída da missa ou duma qualquer matiné, mesmo que seja numa folha de papel rabiscada numa letra que quase ninguém já sabe ler ou fazer.
Vou na minha bicicleta ao Forte de Santa Rita, à Torre do Tombo ou Aguada, Sanzala dos Brancos ou ao Benfica. Vou só porque sim e porque a bicicleta não tem travões e a minha memória já não tem espaço livre de passado a desvendar.
Chegou o outono e eu paludismei-me de ideias delirantes e quem sabe escrevantes. 
Eu vou só cumprir o Outono.



Sanzalando

12 de outubro de 2018

vagueando neurónios

Pardacento tempo que chegas quando eu te queria de sol alto e brilhante.Aqui, onde o zulmarinho me embala em pensamentos melancólicos, em ares bucólicos e divagações vazias de palavras porem carregadas de sentir, digo que a verdadeira medida do amor é o amor desmedido.
Sim, eu sei, que a tristeza do tempo outonal me leva a esta atonia mental, a este sabor a mentol ou somente ao estar aqui a ver a linha recta que é curva se aproximar na minha cada vez pior visão.
Aqui sentado tenho coisas que não perco mas que simplesmente de livro delas numa meditar sobre as ondas revoltas que rebolam na areia.
Bem, acho que a melhor maneira de eu viver o meu futuro é lhe criar, de raiz sólida e ramos ao vento que as folhas caiem arritmadamente.


Sanzalando

10 de outubro de 2018

vidas amando

Olha só o pardacento sol a esbater de rés-vés no zulmarinho lhe empalidecento num quase cinzamarinho. Não me alegro porém não me entristece. Fico só assim num modo desajeitado de estar e neste modo eu poderia falar spbre cada detalhe do meu passado memorizado e já sem distinguir a realidade da imaginária fase da adolescência. Poderia estar para aqui a beijar os rostos que me chegam na imagem ainda nítida do passado. 
Afinal de contas eu poderia passar várias vidas só amando tudo o que fiz, que queria fazer ou que imaginei ter feito.



Sanzalando

7 de outubro de 2018

Fácil outono

Palidez do ar não esconde o quente zulmarinho que marulha aos meus pés numas ondinhas de timidez. Transpiro ferozes ais dum paludismo de memória. Paludismei-me. Quem me disse que eu conseguia parecer fácil o que é difícil na realidade? Encharcado me atiro de cabeça ao zulmarinho. Delirio, penso. Convulsiva-me a alma, imagino. Cheguei ao estado de loucura, afirmo-me.
Afinal de contas é apenas um dia quente e ventoso de outubro e cacimbo-me de ideias reais que nunca aconteceram.
O zulmarinho está quente outonomamente.

Sanzalando

6 de outubro de 2018

mercado em outubro

Mesmo assim ainda faz calor.
O mercado está cheio, de gente, verduras e outras coisas como palavras soltas nas muitas conversas desafinadas. Está fresco dentro do mercado, as pessoas passam frescas, sorridentes aparentemente felizes. Sim, não são as pessoas taciturnas que correm com pressa para lado nenhum no dia a dia contrariado de viver. Aqui, no meio dos verdes e outras coloridas cores de frescuras frutas e leguminosas, onde existe o amor existêncial, substituto do amor carnal que afoga a alma no sobe e desce de descompreendidas fases da vida. Aqui, talvez contagio de perfumes do peixe fresco, do marisco que ainda mexe, da mistura de sabores com palavras soltas de kilo. ramo ou porção, com o sentir de vida em respiração suave, as pessoas riem e brincam marotas num alegre estar de dia de mercado cheio. 
Aqui não há sexo, há cestos, sacos e alegria num estado de amor em harmonia.
É outono no mercado.

Sanzalando

4 de outubro de 2018

Outonomamente nostálgico

Lusco fusco de outono em brilho de verão.
Elas passam, as folhas castanhas das muitas árvores da minha infância, varridas pela brisa que já não sopra do zulmarinho mas passa por ele a caminho de um sul.
Sento-me a olhar para lá, num longe que não sai da memória. Levo-me por caminhos andados e se calhar por outros que nunca andei mas conheço-os bem por tanto ter ouvida contar. Regresso à idade parva. Ao tempo em que namoriscar era mais importante do que me conhecer as raízes. Arrependo-me apenas por um instante porque logo descubro que cresci e foi assim. Ao contrário como eu teria sido e sou hoje?
Outonomamente nostálgico.

Sanzalando

2 de outubro de 2018

sol de outono

Não perdi a alegria de verão porem me deixo levar pela nostalgia do outono. São as folhas acastanhadas que se desprendem e voam livres no vento, são as andorinhas que partem em excursões que até parecem estavam combinadas para nas madrugadas partirem sem congestionar o céu amarelecido pelo sol sem força, são as pessoas que trazem o rosto carregado de sombra, mesmo que a sombra não seja visível.
Enfim, deixo de olhar tão fixamente para o zulmarinho, para o que me fala ou para a delicadeza que tinha no brilho forte do sol. É assim, nestes momentos que descubro que tenho muito mais a agradecer do que para pedir.

Sanzalando