Chuvisca um cacimbo que nem dá para ver onde vou. Não porque é cerrado, mas só porque não dá jeito andar de olhos abertos e os óculos estão a deformar o caminho. Me deram um verão para delirar e agora me resta um outono para vagabundar-me em caminhos imagináveis ou de memórias feitos. Eu sei que a minha mãe dizia que eu quando fosse crescido ia compreender muita coisa que me levava a fazer birra naquela altura. Parece ainda não cresci uma vez que ainda não entendo muita coisa que passa nesse verão da vida.
Não vou nem sou de prometer o que quer que seja. Pavor de não cumprir ou se é para fazer que seja, estas as razões.
Eu vou cumprir o outono levando o meu sorriso, a minha energia e a minha memória e quem sabe algum crescimento. Quanto a promessas prometo que vou rir, mesmo que seja riso idiota, vou partir em aventuras mesmo que seja uma aventura sair de casa em dia de frio ou chuva. Prometo ser um porto seguro se ninguém precisar dele. Vou comer bolos e chocolate, vou andar de canal em canal num zapping pela vida.
Vou cumprir o outono com frases desfeitas e palavras erradas, idas ao parque infantil, à saída da missa ou duma qualquer matiné, mesmo que seja numa folha de papel rabiscada numa letra que quase ninguém já sabe ler ou fazer.
Vou na minha bicicleta ao Forte de Santa Rita, à Torre do Tombo ou Aguada, Sanzala dos Brancos ou ao Benfica. Vou só porque sim e porque a bicicleta não tem travões e a minha memória já não tem espaço livre de passado a desvendar.
Chegou o outono e eu paludismei-me de ideias delirantes e quem sabe escrevantes.
Eu vou só cumprir o Outono.
Sanzalando
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