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E eis-nos novamente em queda livre ou voo planado
Já te disse não sei quantas vezes, talvez
nunca directamente, mas deixei nas entrelinhas, o quanto eu te queria e
desejava. Acho que o fiz de todas as formas possíveis e imaginadas, realistas e
até abstratas formas usei.
Quem diria que iam passar séculos de
silêncio e com a forte possibilidade de, não havendo trovoadas ou outras
calamidades, serem outros tantos de silêncio desértico? Sabes aquele silêncio
que pica nas pernas e que arrasta o cabelo de forma irritante para cima dos
olhos.
Não imaginas as vezes que te imaginei
encostada no meu peito a receber um afago ou um abraço. Quanto tempo demora um
abraço? Os meus, imaginários duram a eternidade do silêncio e são tão calorosos
como a profundidade do desconhecido fundo marinho. Te posso dizer que me deves
uma vida, porque eu apenas sou corpo de um sonho sonhado na imaginação fértil
de um adolescente que se perdeu na lonjura do tempo que passou depois do adeus.
O teu lugar favorito nunca o conheceste,
porque nunca estiveste entre os meus braços naquele abraço.
Faço agora mais uma tentativa de encerrar
um ciclo. Acho chegou uma hora de fechar uma porta e abrir outra, para seguir
um caminho ainda não desenhado, porém desejado, por mim querido e ainda não
encontrado. Não é tarefa fácil sair dum estado acomodado, dum pousio
confortável, duns momentos felizes e importantes e começar do zero um outro
incógnito e escuro, porque não tem esquisso, porque não tem com o quê de
comparado nem testado. É totalmente novo ou então seria mais do mesmo.
Não vou precisar mudar de casa, de
amigos, de lugar, de ares. É só mesmo mudar de palavras, de sentimentos
escritos, de temas, de cores garridas tropicais para cinzentos outonais ou
outras cores menos usadas. Há que mudar porque o mundo é feito de mudança.
Queria fazer as pazes dos meus pensamentos
bagunçados, mesclados, mestiçados e pensar sem ansiedades nem despedidas, sem
lágrimas nem saudades. Queria ter as palavras despidas de mim, ditas por um
alguém que usasse as minhas letras.
Está na hora de fechar essa porta e voltar
a um presente que embora passado tenha futuro.
Sanzalando