Caminho na minha linha de vida, umas vezes traçada por mim, outra ziguezagueada por destinos, não querendo ser juiz ou réu, apenas vivendo um dia de cada vez, aceitando as pessoas ou a mim mesmo tal e qual somos. Mas tem dias que a linha se apaga e o improviso impera, cresce a falta de espaço, a falta de tempo, falta a paciência e chego a ser o meu pior inimigo e reinvento o ódio amargo de boca, torresmo duro de indigestão.
Depois, no calar dum pôr de sol, retorno-me ao regresso do dia a dia e sorriso no rosto canto aleluias no silêncio duma voz que não sabe cantar, entro na linha, que às vezes é desenhada por mim e outras vezes ziguezagueada por destinos sem que eu seja vítima, sem que eu verta lágrimas fáceis, sem que eu tenha medos.
Caminho para lá dos Andes, Himalaias, Pirenéus, Alpes ou Kilimanjaro, mas quase sempre na linha que eu tracei sobre valores presentes assentes no passado.
Caminho à vez por carreiros de formigas ao som das cigarras num regresso a mim de sabores presentes como quem caminha certo, absoluto e com destino traçado num ziguezague de tempos perdidos e apagados da memória.
(Hoje vou na Kipola dizer adeus a Março)
Sanzalando