Abrigado do chuvisco que teima em cair, dou por mim a olhar a linha recta que é curva e que teimam em chamar de horizonte, quando lhe deviam apenasmente chamar de barreira entre o lado de cá e o de lá e ficava por aqui.
Mas aqui começam a saltar-me à memória recordações vividas, sonhadas, fantasiadas, imaginadas ou somente inventadas com a esperança de vir a ser feliz. E me embalo e me dou a te falar todas as vezes que o meu silêncio me afoga numa tina de solidão. Tu, esse ser vagamente vago, criatura dos meus sonhos, autora dos meus pesadelos, ritmo das minhas gargalhadas, sal das minhas lágrimas, brilho dos meus olhos, nem sabes que existes e eu aqui a falar-te tantas vezes, que qualquer dia até tu vais acreditar na tua existência.
Aqui me tens regressado para silenciosamente te falar, te fotografar ou apenas te olhar de memória.
Sanzalando
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