Tanto que fazer no pouco tempo que me restou num dia gasto de horas a passarem despercebidamente. Não senti fome, nem sono e a falta de tempo não me tirou a vontade de desligar do mundo por segundos. Antes pelo contrário, quase me apeteceu gritar que desisto e arrear os braços desmoralizado. Mas um qualquer click, que não faço a mínima ideia de onde apareceu, fez-me ver que há mais mundo para além do que os meus olhos vêem, para além do meu umbigo, para além das minhas silabas mortas em monólogos de surdos. Acreditei que posso ter ainda um lindo dia nas poucas horas que me separam de amanhã e por isso sorri, brilhei nos olhos o brilho duma juventude que faz tempo gastei e aproveitei as rugas para fazer uma cara feliz.
Olhei à volta, estava um luar, já não é o mesmo luar porém ainda tem mosquitos a me picar e a me fazer palavrear silêncios em obscenidades mentais, quando dei comigo a dizer que não devo viver de recordações futuras porque isso futuramente me mata, que as pessoas partem num partir definitivo, que as memórias se apagam e se desligam num furtivo esquecimento e que eu não serei a semente que vai ficar para apagar a luz.
Enfim, é o que faz a falta de tempo para não ter tempo de perder tempo.
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