recomeça o futuro sem esquecer o passado

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30 de abril de 2011

saudade

Sinto saudade de, com a minha cara amarrotada de sono, depois duma noite não dormida, olhar em frente e ver-te sorrindo, perfumada, quente e sempre a olhar-me ternurenta.
Sinto saudade de, com o cabelo desgrenhado pelo vento, poder sentir-te e falar-te como se fosses a minha outra pessoa.
Sinto saudade de, tossindo fumo dos cigarros devorados, estarmos unidos na máxima distância dum zero.
Sinto saudade do tempo.
Sinto saudade de metade do tempo.
Sinto saudade de qualquer fracção de tempo que estive contigo.
Sinto saudade de chorar-te, gargalhar-me, pular e estender-me sobre ti.
Apenas sinto saudade.

Sanzalando

29 de abril de 2011

temperalmente

E aos poucos fui-me esquecendo das tantas coisas que já disse, dos tantos sítios por onde andei e  mais aqueles em que me inventei.
Eu sei que é loucura jogar fora tantas tentativas de ser feliz e saber que ainda não encontrei uma maneira de dar certo. Mas eu insisto até me esquecer outra vez. Que é que queres, se eu me esqueço e insisto em deixar o nosso amor num subentendimento estático de palavras avulsas que povoam a minha esfera de acção?
Ai, como é estranho já ter apanhado tanta vida e achar que ainda vou no início.
É, um dia eu achei-te especial, marquei-te-me nas tatuagens da memória e agora levo-te comigo em cada instante temperamental.
Porque é que as tatuagens são inapagáveis? Mesmo as que ficam gravadas na memória? 
Ai que um dia vou ter de inventar um remédio para curar feridas antigas, mesmo que as não veja, apenas sinta.
Aos poucos vou aprender para pôr em prática tanta lição de amor.







Sanzalando

Sanzalamente Árthemis


Sanzalando

28 de abril de 2011

sonharei

Me deixo entrelaçar nos pensamentos enquanto respiro o ar que vem desde o outro lado do zulmarinho. Digo eu porque sopra vento sul.
Entrelaço recentes com antigos e somo algumas imagens imaginadas num inventar de como poderá uma ruga ter modificado aquele rosto que outrora foi o meu rosto de paixão, como aquele porte altivo virou um silêncio mudo de não ter que dizer, aquele esboço de sorriso que se estampava em permanência no seu rosto deu lugar um esfinge séria. Muito mal eu devo ter feito nesta ou numa outra encadernação passada ou futura.
Entrelaço imagens, procuro frases, cadernos... não consigo imaginar como é que o biquini azul deve estar desbotado no queimar de tantos sois passados.
Destrelaço-me num sofá, ouço o mar e me embalo num velejar de sono tranquilo na esperança que através dum sonho eu consiga ver-te num agora presentemente.

Sanzalando

Regressadamente Árthemis


Sanzalando

27 de abril de 2011

dói

Me atiro por aí num descansar eterno, sabendo que esta eternidade não é mais que pouco tempo, o suficiente para eu estar de cabeça lavada e me esquecer que a saudade dói, que o amor dói, que ser feliz dói. Afinal de contas as coisas boas doem... Já não sei se quero ter coisas boas. Saudades não quero ter porque senão eu me vou lembrar do biquini azul que tinha para mim a serenidade de deusa e me fazia ficar desastrado quando ficava ao lado dela num normal nervosismo; ainda me vem à lembrança as corridas que eu dava nas perpendiculares para lhe ver passar nas paralelas. Não quero ter saudade por dói. 
Não quero ter a cabeça lavada, pois ainda me vou recordar da mini mota azul que me levava quase até no aeroporto velho só para puxar banga de quem nem tinha bicicleta.
Não me vou atirar por aí, vou apenasmente ficar por aqui a ver se me esqueço que um dia eu chorei por amor. E isso doeu!
Vou ficar por aqui à espera da mandioca e não vou nem me lembrar que eu não sei como é que é mandioca quando não vem no saco que diz: Mandioca.



Sanzalando

26 de abril de 2011

Poema dum samba sem música

Já disseram que eu era louco,
outros que era serio de mais,
que ser feio era pouco,
e lindo é que não estás.

Já me elogiaram
me xingaram
maltrataram
e gozaram.

Eu apenas sorri
porque sei que não vou mudar,
que o meu jeito é assim,
não vale se quer tentar.

Foi assim que agarrei no violão e parti rua abaixo. Eu ia fazer sucesso na música. Aprendi uma nota. Mas devia ser falsificada pois não dava jeito eu fazer música com ela. Os dedos se feriam e o som mais parecia uma chiadeira que qualquer tentativa de musical. A rima era imperfeita e o assunto não arrastava multidões.  O futuro não estava na música, nem na letra. Até hoje não sei cantarolar, nem em silêncio, uma única canção. Mas eu gosto do meu samba sem música, esse ou outro qualquer, que eu invento nas minhas noites de luar em que serenato-me como quando eu tinha a idade de não ter barba. Só que agora já não tenho mais a companhia dos amigos que sabiam que eu nunca ia cantar, ia só mesmo mexer os lábios e mostrar os olhos brilhantes de paixão.



Sanzalando

25 de abril de 2011

liberdade livre de me aprisonar

Me enrolo nos pensamentos como a querer encontrar um que me sirva de leme para as palavras que eu te queria dizer. Me emaranho numa teia deles e desconsigo ver o que é mais assim do meu gosto, que traduz a minha alma e me liberta das muitas prisões que ainda não consegui libertar. Acho me atirei num rolo de arame farpado de pensamentos cinzentos e ponteagudos como a querer dizer que não tenho hipotese nenhuma.
Me atiro para lá do horizonte para ver se vejo mais claro e o novelo permanece embaraçado que nem baraço dum pião que nunca soube atirar.
Me descanso no vazio dum dia de sol carregado de chuva que não para de cair num qualquer lugar do mundo meu e penso que até o sol brilha, mesmo estando sozinho lá em cima.
Me liberto para me aprisionar numa sucessão inacabada de linhas mestras que um dia vão vigorar. Eu sei, que nunca acertei numa adivinha.


Sanzalando

Abrilmente Árthemis


Sanzalando

23 de abril de 2011

20 de abril de 2011

Fielmente Árthemis




Sanzalando

se eu voasse

Me atiro na areia molhada pela chuva e enquanto olho o mar fabrico pensamentos para mais tarde pensar. Pode ser que depois eu não tenha tempo de tê-los, fazê-los ou simplesmente perdê-los. Assim se torna mais fácil. Não está sol, faz vento, a praia está molhada e desertamente me sinto sozinho por aqui com vagar de pensar sem ser incomodado. 
Começo por me tentar lembrar quem foi que me disse que o tempo só para quando a gente lhe fotografa e desconsigo ver. Acho foi um pensamento que caiu no esquecimento num dia de sol. Mas me esforço na mesma e não me vem à memória o autor. Pouco importa agora. Me lembrei dele assim e ele assim vai ficar até que a vida me surpreenda com outro melhor. 
Rebolo na areia ao mesmo tempo que tento sacudir a que teima em se manter colada na minha roupa. Não foi boa ideia me atirar na areia molhada. Os pensamentos novos não se colam como a areia. Voam como as gaivotas, como as andorinhas do mar, como a minha imaginação. Se eu também voasse...

Sanzalando

19 de abril de 2011

Desvariadamente Árthemis




Sanzalando

me deixo

Me deixo estar num qualquer por aqui, remando contra a maré ou apenas derivando porque se não tiver que ser não será.
Me deixo estar por aí, algures num lugar de mim, com paciência para passar os dias sem me esmagar por eles.
Me deixo estar num qualquer aqui em que eu sinta saudades da vida que ainda não vivi.
Me deixo estar por aqui a perguntar porque é que a cama é mais confortável quando a tenho que deixar.
Me deixo estar por aqui a ouvir o mar calado com medo de ouvir o que não me apetece neste momento.
Me deixo estar apenas a passar o tempo


Sanzalando

16 de abril de 2011

zulmarinho


Não sinto necessidade de explicar o que te sinto.
Ninguém ia entender.
Não posso apagar o passado,
viver o presente,
danar-me para o futuro
se tu não estiveres presente na memória.
Dou-te a mão.
Dou-te um beijo.
Dou-te-me.

Sanzalando

15 de abril de 2011

sombra

Procuro uma sombra onde possa repousar os meus pensamentos. Árvores? Não me apetece estar à sombra duma qualquer árvore. Se me lembrasse agora o nome de uma que não fosse imbondeiro, acácia, ou castanheiro que não dá as castanhas das castanhas dos frutos secos, eu ainda que podia escolher uma árvore. Mas das outras ou não gosto ou lhes sou ignorantemente surdo de memória. Por isso não quero uma árvore. Um prédio? que piada tem pôr os meus pensamentos a descansar numa esquina e acompanhar a sombra no passar do tempo? Mas eu quero uma sombra onde possa por os meus pensamentos a arrefecer. É que é lindo cada pensamento meu sobre ti, cada segundo que penso em ti mesmo que saiba que esses pensamentos possam estar estragados pelo pisar do tempo.
Quero uma sombra e acho encontrei a sombra que procuro. 
Acho mesmo vou ficar quieto na tua sombra, eternamente olhando-te a tapar-me o sol.


Sanzalando

Divagações monólogásticas


Sanzalando

Na praia

Sanzalando

14 de abril de 2011

nostalgicamente ÁRTHEMIS


Sanzalando

e eu disse não até dizer sim

Ainda não sei porque é que eu carrego no peito tanta saudade de ti. Eu sei que é encantador, bonito e tão cheio de esperança... mas que me entristece no momento de te pensar. Eu sei que é a minha gasosa, a minha força, o meu balanço. Eu sei que é única maneira que tenho de ter-te, neste momento, é no peito. Vou fazer mais como então? 
Me disseram acaba com isso e isso seria acabar comigo e eu disse não.
Me disseram afoga a saudade numa tina de esquecimento e eu disse não.
Me disseram que chorasse todas as lágrimas até sangrar e eu disse não.
Me disseram que o mar de lá já não é o meu mar e eu disse não.
Me disseram tanta fantasia e eu realizei-me de memória e disse que sim.


Sanzalando

13 de abril de 2011

MOMENTOS


Sanzalando

definitivo complicativo composto.

Caminhando sobre a areia numa levitação mental, paralelo ao mar que transpira silêncios e serenidades, recuso-me a dizer chega. Nunca me conformei com um fim mesmo que eu achasse que tinha chegado a hora. O acabou sempre me pareceu um definitivo complicativo composto. É sempre melhor catalogar como adiado indefinidamente ou parado até um qualquer dia de nunca. Assim consigo dormir sorrindo, acordar cantarolando e esperar que um dia o dia tenha fim definitivo e sem eu dar por ele, sem adormecer sorrindo e sem me acordar para se despedir.
O fim, o acabou, parece-me demasiado triste, parece-me uma corrida em que corro sem me mexer, uma tempestade em céu azul, uma revolta do mar num planalto imaginário. É um pavor calmo que me faz sentar na cama para apagar um pesadelo e poder voltar a dormir de sorriso na cara.
Caminho na praia, levitado sobre um fim que adiei eternamente ou não, tudo depende do tempo que terei para não chegar ao fim, esse definitivo complicativo composto.
Ainda não cheguei ao fim de um acabou. Por agora.


Sanzalando

12 de abril de 2011

Diálogos a uma voz


Sanzalando

aqui sentado

Por aqui sentado, olhando o zulmarinho e confabulando cenas dum filme de vida ou a vida dum filme, procuro as ruas que vão dar a um sorriso que brilhe tanto que chegue para me iluminar a alma empenada numa encruzilhada que faz tempo eu nem me lembro mas que me disseram que me apagou o sorriso.
Aqui sentado, ao ritmo do marulhar, procuro palavras que me levem ao coração ofendido um pedido de desculpas que se apague o retalho nostálgico duma vida que passei ao lado.
Aqui sentado, refrescado pelos salpicos lacrimejantes das ondas, penso mudar de vida em que tu não estejas distante e que o teu mar seja este que eu aqui sinto vontade enorme de abraçar como se fosse uma criança perdida no tempo de crescer que faz tempo perdi o tempo.
Aqui sentado, no meu eterno silêncio de falar contigo, me lembro de te olhar esquecido de mim.


Sanzalando

11 de abril de 2011

UTOPIA


Sanzalando

na praia

Esta não é a minha praia e nem é uma praia que eu conheça. Mas hoje não posso estar na minha praia nem em praia nenhuma que conheça. Hoje apenas posso sonhar com uma praia e por isso penso numa qualquer mas vejo apenas a minha praia. Vejo a mar azulzinho a rebentar devagarinho e se espraiar na areia com doçura, molhar os pés dela e eu a nadar até à jangada onde vou mergulhar os saltos mortais e encarpados que nunca dei na vida, mas que darei hoje porque hoje apenas posso sonhar com a praia e já agora aproveito a minha para sonhar os meus impossíveis todos. 
Eu a nadar como se fosse um experimentado e não um quase afogado nadador. 
Eu a mergulhar num perfeito estilo, quando na realidade mergulho baixinho, de pé e tapando o nariz.
Eu a olhar o biquini azul que de lá da toalha colorida me olha como que a pensar quando é que eu vou acabar com as piruetas seguidas de estatelado.
Eu a gargalhar na jangada.
Afinal de contas hoje nem posso ver o mar.

Sanzalando

10 de abril de 2011

para além

Me recosto na areia da praia neste dia de primaveril verão ou verão primaveril. Em resumo, que é para eu não me tropeçar nas palavras que quero usar para te dizer que está sol mas está fresco. Vim para a praia que é aqui que eu me reencontro, me revejo e te falo diálogos de memória e se tiver que gritar para me ouvires eu lhe faço e se alguém me perguntar se louquei eu vou apenasmente dizer que estou a ver se as ondas do mar fazem eco como eco fazem as nossas montanhas do nosso deserto, e assim despensam esses absurdos de mim.
Mas aqui recostado hoje tenho umas coisas para te dizer, para além de te dizer que hoje chove dentro de mim, para além dessa chuva miúda que chamam de saudade e que se me chove sempre, hoje pintei-te um quadro na minha memória, cores garridas, árvores floridas que tanto podem ser acácias como outras quaisquer que eu não sou exigente, mas sei que não são casuarinas porque nessas eu nunca lhes vi flor. Nesse quadro de cores garridas, para além de parecer estar sol, está aquele tipo de dia que chove para se ver melhor, chove para assentar poeira e eu te ver com maior nitidez.
Aqui recostado me olho nos teus olhos rebuscados na imaginação para além de ter ver te viver.

Sanzalando

7 de abril de 2011

sentado por aqui, parte finita

Sentado no fundo da alma, olhando o mar que lacrimejo, sinto que deve haver um lugar onde o amor nunca acaba. Pelo menos eu faço um esforço para manter a minha cara de ar sorridente e gente feliz quando te penso, quando te desejo e quando te vejo de memória. A minha vida e o meu sonho têm o mesmo valor desde que eu esteja com a memória virada para ti nesse lugar onde o amor nunca acaba.
Sentado por aqui, julgando-me esperto, mais sabido que a sabedoria, mais maduro que o conhecimento sou o somatório do medo que este amor acabe e que um dia te olhe como quem olha para um infinito desconhecido.
Sentado por aqui, vou à memória buscar o teu perfume, calor e até um sabor amargo de desprezo. 
Sentado por aqui continuo a sentir que mesmo assim esse amor não vai ter fim apesar de talvez eu achar que tu nunca soubeste da minha existência e persistência.
Sentado por aqui, no fundo da alma, olhando o mar que lacrimejo, olho-te com sabor a desejo.


Sanzalando

6 de abril de 2011

rompimento com o esquecimento

Abri as cortinas na minha memória duma forma abrupta que até parece eu queria rebentar com elas. Ou comigo, que seria a mesma coisa no caso. Acho me pareceu eu estar com falta de ar e fui assim brutamontemente abrir espaço e poder olhar mais além. Mas a memória afinal é limitada e tem coisas que só assim numa aguarela de vagamente se consegue perceber que ali existia qualquer coisa. Mas mesmo assim procurei ver mais além, rebusquei estantes que teiavam perfumes mofos, e nem uma imagem mais clara consegui ver. Afinal de contas eu apenas queria ver o teu sorriso e já me estou a esquecer como é que ele é, ou era. Acho vou ter de levar na lavandaria essas cortinas ou comprar nova memória, mesmo que seja numa segunda mão e rebuscar memórias alheias, enquanto isso vou ouvir no meu radio de pilhas as músicas que ele me quer dar e sonhar memórias futuras de manhãs de cacimbo.


Sanzalando

5 de abril de 2011

hoje teve um hoje

Nesta praia de descanso mental e areal de assentos, virgulas e pontos, que me invento em cada vez que aqui paro, me deixo embalar naquilo que em perfeito juízo eu jamais diria, pensaria ou falaria. 
Hoje, carregado de palavras soltas, tricoto frases que troco à distância em que nos encontramos, sem as pensar, filtrar ou apenasmente soletrar. Falo-te como se estivesses aqui a ouvir-me num escutar atento, como que a querer marcar o espaço que nos ocupamos, como que a dizer-te para pensares em mim numa constante obsessiva, matraqueada de saudade e coberta de nostalgia.
Hoje, recheado de certeza que o teu amor se me abraçou com a fortaleza que imagino, aguardo apenas o teu sorriso, uma tua palavra ou um pequeno aceno como se fosse o último.
Hoje, na praia da minha imaginação, me sento e te aguardo como sempre tenho feito, embrulhado em palavras, imagens de memória e olhos em ti à espera de ver o sonho que em perfeito juízo jamais sonharia.
Hoje, carregado de amor, olho o mar como sempre o olhei e me embalo no dançar das ondas.


Sanzalando

3 de abril de 2011

sentado por aqui

Sentado numa pedra desta praia, que imaginei, me pergunto se no dia em que nos reencontrarmos eu te perguntarei se valeu a pena ter sofrido tanto, se tu me esqueceste na exacta proporção que eu te implorei, se a tua ausência é puro fingimento carregado dum faz de conta só para bancar é forte que nem preciso verter uma lágrima que ele me rasteja?
Sentado numa pedra desta praia, que inventei, relembro a areia branca onde te deitas bronzeando o teu bronzeado corpo redondo esculpido pelo deuses e me pergunto como é possível que ainda haja quem me suporte ouvir falar-te como se estivesses aqui onde as ondas do mar rebentam e se espraiam na areia que circunda esta pedra inventada.
Sentado por aqui, sufocado pela dor da saudade, imagino ver-te implorar para que eu não me afaste de ti.
Sentado por aqui imagino-me a encostar-me no teu ombro como se tu estivesses estado sempre aqui, nos momentos bons e nos maus que eu tive, nas horas que te esqueci e nas noites longas em que o meu túnel era mais longo que a luz que tu me podias mostrar.
Sentado por aqui vejo esbatido um tempo chamado de perdido que pintei com palavras cinzentas e aguarelei com lágrimas por caminhos que esqueci.
Sentado por aqui imagino que o tempo muda tudo mas me engano, apenas envelheço, o resto tem de ser feito e um dia ele vai ser feito e se vai misturar na água desse mar que se espraia por aqui na praia que eu inventei.

Sanzalando

2 de abril de 2011

sonhei e agradeço

Por um momento sonhei. Acho foi um instante que durou a noite inteira porque acordei parecia ainda não tinha dormido. Estava cansado mas sorria. Por um instante sonhei e sorri. É, eu sonhei que tu tinhas me dado importância, te recordaste de me olhar e me chamar. É, eu deixei de ser apenas mais um, números tantos que te procuram. Já contavas comigo e isso seria meio caminho para me teres. 
Foi um instante que durou o tempo de eu me despedir e ver gente infeliz com lágrimas a me ver partir, outros felizes por me reverem. E eu sorria de boca e olhos.
Afinal de contas foi apenas um sonho que durou um instante, momento de ver que eu não estava preparado para outra vez, assim na paixão de começar dum novo zero. Foi um sonho que me fez sorrir e quando acordei ainda sorria e o dia passei-o a sorrir. Sonho que te agradeço porque não sonhei que me tinha untado de azeite, que tinha saltado do abismo, que tinha mergulhado no mais fundo dos fundos oceânicos. Sonhei contigo a chamar-me, e pelo nome. Ainda sorrio enquanto te espreito por um canto da memória.

Sanzalando

1 de abril de 2011

tem dias e outros

Saltitando dias cá vou aparecendo. Umas vezes transportando carradas de nostalgias, outras, paletes de raiva e outras ainda sem nada na alma como se alma penada fosse, noutros, que chamaria de dias sim, parece que acordo com um sorriso no corpo e os lábios balbuciam palavras doces mesmo quando se mantêm em silêncio e nos dias não, outros dias de mim, o suor nocturno me afoga num lago de imaginação vazia.
Tudo depende do dia, destino predestinado dum acaso tirado à sorte. Tem dias.
Tem dias que caminho pelas areias do deserto tentando conter a ânsia que me devora nos delírios febris duma qualquer doença instalada num coração marcado.
Tem dias em que viajo de alucinação em alucinação até que dou comigo a chorar-te nos braços que imagino me abraçam.
Saltitando dias cá vou aparecendo na esperança de ver o teu pôr de sol instantâneo momento de prazer imaginário.

Sanzalando