Cresci. O tempo ensina muita coisa e desgasta outras. Agora sei que o saber não é como o dinheiro que se mantém fisicamente intacto mesmo depois dos mias infames intercâmbios. O saber é assim mais como uma roupa de corte fino e elegante em que o uso e a ostentação lhe vão gastando. Não é assim com os livros? As páginas amarelecem, descolam-se e desfazem-se, e aos poucos os olhos vão achando que as letras estão a se encolher num parece têm medo de serem lidas e o braço encurta-se para o levar para longe.
Cresci e amareleci os meus conhecimentos numas folhas de memórias de sítios que eu hoje lhes ia ver com outros olhos, outros veres. Há páginas coladas pela humidade que não são separadas pelo indicador num folhear simples. Nem a saliva posta na extremidade do dedo ajuda as folhas a se separarem. Se se abrissem ia ver saberes que se calhar eu queria esquecer, delicados desgostos rabiscados no pergaminho do coração com lágrimas contidas numa doença de amor ou outras estórias que me levariam a tremores e dissabores que os cinzentos cabelos não iam se aguentar na sua fragilidade e morreriam num chão perdidos para sempre.
Cresci e o saber, entorpecido pelo mimo, me continua a ler-se nas paginas amarelas da memória em estórias reais que mesmo que não tenham acontecido são verdadeiras..
Sanzalando
Dr.da bata verde!Que tenhas um dia em cheio, envelhecido ou não!
ResponderEliminarBeijokas mil e três...
Anel