Passeio na praia, qual miragem de mim. Me imagino de músculos desenhados em perfeição, postura correta esquecendo a cifose que parece me faz arrastar o nariz no chão, e passeio na praia galando o mês de Março. Eu sei que não me olham, preocupadas estão em que o vermelhão passa a bronze de moda e os ares do planalto se transformem num ar de mar diário dum ano inteiro. Eu, a minha praia e os meus sonhos de galã.
Sei, eu sei que tenho falado muito em ti, pensado exageradamente em ti e não te digo mas na verdade quase sonho contigo dia a dia. O que vale é que não te fiz juras de amor, não prometi que ia conhecer-te em cada recanto, em cada pedra duma calçada que calada me suporta constantemente chorando saudade.
Agora tenho pensado na nossa despedida que não chegou a haver porque dum momento para outro resolvi partir sem ter tempo até de pensar. Chorei? Não me lembro! Choro hoje por todo este tempo. Pensei morrer quando jurei te voltar a ver. Vi-te e sorri como se tivesse acabado de sair de ti uns segundos antes. Com o olhar percorri todas as tuas curvas, saboreei cada recanto. Não te toquei num tocar sensual. Notei que me olhavam como um estranho. Em silêncio chorei escondido e prometi voltar um dia outra vez.
Aguardo essa hora, percorrendo a praia com a miragem de ser um escultural idoso que foi adolescente nos teus braços, nas tuas curvas, no teu calor.
A minha felicidade não depende de ninguém para além de mim e dos meus sonhos. E se calhar das minhas memórias. E talvez das tão boas recordações que me recordas em cada fotografia que te tirei.
Músculos desenhados passeiam-me à beira mar, olhando-te de soslaio.
Sanzalando
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