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20 de março de 2012

A minha rua - Rua dos Pescadores

Hoje deu uma saudade assim sem mais nem porquê e, com ela, veio uma vontade de chorar rios de lágrimas, que nem o Bero ia aguentar tanta água castanha que até ia atirar caniços e outros restos que iam parece subir na subida da SOS. 
Um choro de criança sem colo, de medo, de perdido. Assim uma misto de saudade e vontade enorme de poder calcorrear a rua dos Pesacoadres desde o Bairro da Facada até na subida da Helena Rocha, passando pelos hoteis, Loja das Noivas, Zé Côco, Drogaria do Rosas, escritório dos Cavacos, Aeroclube, casa da Dada, do Reis e do Carriço e até parar na minha casa onde secaria as lágrimas no colo da minha mãe que me ia contar uma estória qualquer sobre o meu pai, depois de eu lhe pedir muito, quase em birra.
A seguir íamos rir de falar assunto que parece é tabu mas a conversa se ia esticar até que eu ia ver uma lágrima correr dos olhos dela e pensar que Festas do Mar teve um dedo dele na sua nascença nos idos anos antes de eu nascer.
De olhos já secos, íamos os dois ficar sentados na cadeira de baloiço da varanda a ver as estrelas e ver quem ia descobrir a primeira estrela cadente e ia ganhar um beijo do outro.
Hoje deu uma saudade porque ontem não tive tempo de lembrar nas letras e palavras que ele poderia ter escrito sobre o pai dele.
Foi na Rua dos Pescadores, 275, que me ensinaram a ter a memória dele e eu comecei a querer imitar o seu talento para um dia poder dizer que choro as lágrimas sentidas dum amor eterno.



Sanzalando

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