Sentado no muro da casa em frente ao Liceu, fazendo horas de ir fazer qualquer coisa, que ainda não me habituei depois destas férias de Março, dou comigo a imaginar que sou muito mais do que pareço. Quantas vezes pensei esta frase? Quantas vezes já a rascunhei? Tantos significados ouvidos na surdina do meu silêncio ecoam após esta frase imaginada.
Tento equilibrar-me, porque não só estou mal sentado como também o muro não é feito para sentar já que tem uma floreira no seu meio. Deve ser mesmo para a gente não sentar. Ainda Bem que o Dendeka não plantou cactos por aqui. Mas deve ser o balanço de frase tão profunda que me faz oscilar. Sou mais do que pareço! Sinto inveja da minha perentoriedade. Falo caro para pensamentos caros usando palavras que nem soletradas eu acertaria. Mas é como tudo na vida, mesmo com quedes de chumbo eu sou capaz de correr mundo sem sair deste muro em frente do Liceu.
Já sei... há coisas melhores na vida para fazer. Mas aqui eu sou rei, mesmo sem coroa, encantado mesmo sem encanto. Eu sou o que quero ser levado na imaginação sem ter que dar tiros no escuro da desilusão.
Angustia? Sonhos? Incógnitas? Tudo aqui é possível, depois das férias de Março em que ainda não me habitei a ter que fazer.
Aqui vou dançar a valsa do meu silêncio enquanto não saem as turmas da tarde do Liceu que está à frente do muro onde me sento a imaginar que sou mais do que pareço.
Sanzalando
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