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10 de abril de 2012

Saudade

Faz tempo que não faz frio e faz também tempo que não chove e por isso não ouço o barulho reconfortante da chuva que cai com força no telhado de zinco do armazém do quintal. É só silêncio e daquele que incomoda. 
Os meus amigos devem andar vagabundando pelos sítios do costume e eu aqui sentado no calor a pensar em frio e chuva. A Rádio transmite a Voz do Subúrbio e eu inconscientemente danço sentado na cadeira a rebita que sonhei um dia desfrutar lá para os lados do Forte de Santa Rita.
Olho pela janela e recebo tranquilidade, essa paz que me perturba e por vezes me assusta por falta de hábito. 
Se tivesse frio e estivesse a chover eu ainda tinha desculpa para estudar. Mas nem o faço e nem vagabundo com os meus amigos. Enclausurado sustento o mundo nas costas. Castigo meu que se encaixa nesse vazio em que me sinto.
Faz tempo, incerto como as certezas em que sempre apostei, que crio expectativas de receber um alô, pronto, está, na tua voz tropical e quente que eu não sei mais como é, assim como não sei se a minha ainda continua a doce voz que gostavas de ouvir. 
Sei que isto tem um nome e se escreve simplesmente SAUDADE. Um palavra como poucas, cheia de sensações e multifacetada que se consegue ver de olhos fechados como quem canta um fado.


Sanzalando

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