Apesar de todos os pesares ainda continuo a falar mais do mesmo. Fixação, chatice, embirração ou falta de saber mais, porque não. Mas é sempre um falar de nós, as lágrimas que te chorei, as palavras que não te disse, as vidas que não te tive.
Bater sempre na mesma tecla como se fosse uma música monocórdica, uma ferida crónica por sarar. Queria aprender a falar de outras coisas, dizer coisas ao mundo, em forma de livro, caderno ou sei lá, mas mal começo e tu estás ali, entrelinhas, nas linhas ou na página branca da minha memória.
Fiz tantas promessas que não passaram de palavras atiradas a abismos de memória como se eu ainda atirasse pedras da falésia a ver se chegavam ao mar e nem à estrada alguma chegou.
Juro que eu tento não falar de ti nem de nós. Juro que pedi vezes sem conta a minha independência mas as estâncias superiores da minha fixação não me a deram. Quis ser tantas coisas diferentes de ti mas o mais longe que consegui estar foi estares dentro do meu pensamento.
Ando para a frente e para trás, o meu quarto tornou-se pequeno porque a minha inquietude engrandeceu. Todos sabem o que quero falar e eu não sei nem como começar nem como acabar. Tu, sempre!
Da janela vejo os pássaros, alguns sei são beija-flôr e outros lhes baptizei de pardal porque nomes não sei, mas nem eles me conseguem distrair as palavras que falam de ti. O meu mundo pelos vistos não tem opção.
Monocordicamente escrevo uma canção e ouço um piano nostálgico vezes sem conta nas palavras que te falo.
Não é um drama, é somente uma vontade de gritar que quero ser eu, mais nada.
Queria apenas um abraço. Dos infindáveis, entenda-se. Adia-se.
Onde deixei o cigarro?
Já não fumo, é verdade. Mas as palavras continuam a ser as mesmas.
Sanzalando
Sem comentários:
Enviar um comentário