Levo o meu corpo pela beira-mar, num arrastar pesado de consciência tranquila, sonhos lembrados para mais tarde viver.
Pé na areia bem marcado é como o sinal que existe no meu passado. Se está lá é porque não tinha motivo de continuar no meu presente.
E eu caminho, passada larga, passada curta, marcando a areia da beira-mar onde me passeio e me digo que não me odeio, que não tenho piedade de mim e nem sou idiota, mesmo que o valor não seja assim por aí além porque ainda me recordo duns tantos papeis amarrotados, deitados num lixo qualquer dum dia de vida passada, em que eu me lembram que sou quase ninguém.
Num qualquer instante alguém se cruza comigo, quando eu cabisbaixo não vejo a existência do resto do mundo, e me pergunta como é que eu estou ou me afirma para não pensar nisso que tudo tem um final feliz, eu resmungo silenciosamente que não lhes interessa como estou ou como vou ou como termino, porque eles também passaram por mim arrastando o corpo num pesadelo de tempo que se gasta a passar.
Eu hoje juntei letras à beira-mar, para não sentir aquela dor que dói e não se sente, para me suportar no precioso tempo de dizer aos amigos um até já, que a preguiça é muita e a roleta do carrossel da feira já não toca as músicas de antigamente.
Sanzalando
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