Caminho desde a ponte até no estaleiro. Cabeça a olhar na areia como que a procurar algum tesouro ou apenas para esconder o meu olhar de quase morto. Nem eu sei porque caminho assim escondendo os meus olhos que têm sabor a mar. É só uma questão de tempo. Eu te esquecerei como te esqueci já tantas outras vezes. Lembro-me apenas porque me mostram fotos tuas e aí, como um despertador, me lembro de todos os abraços, todas as carícias, todas as palavras, tudo o que tínhamos para fazer e não foi feito.
Caminho me lembrando de todas as ilusões que ainda vão aparecer no meu caminho e eu solitáriamente direi para mim que eu sou apenas mais um para ti. Defendendo-me.
São tantos os que dizem ser teus que eu até da minha sombra me despego por ciúme.
Não sei quando sentirei o teu perfume, quando respirarei o teu ar ou quando me abrigarei dos teus ventos.
Caminho desde a ponte até ao estaleiro de cabeça baixa procurando um tesouro, dentro de mim.
Na verdade este meu amor é bem maior que eu. Se não o fosse eu já te tinha esquecido, tinha caminhado noutra direcção, tinha visto outras fotos e não tinha acordado para ti.
Te amo mais que ninguém, não existe maior amor que nem o meu. Quantas vezes já ouviste isto noutras vozes e em surdina?
Caminho com olhos a saberem a mar, ou será amar?
Sanzalando
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