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17 de maio de 2014

um dia o sol nasceu

Era o sol que brilhava ou a minha imaginação que fervilhava. Não sabia e não sei agora se quero saber. As letras seguiam-se uma às outras num atabalhoar de tropeções a que alguém apelidou de dislexia e eu falava com letra legível no meu caderninho encarnado. Eu carregava essa coisa de adolescente poético-destrutiva no peito e fazia declarações de amor, de tristeza e quem sabe de morte amada. Fachada. Nunca escrevi que no silÊncio do meu quarto eu tapava a cara e chorava as lágrimas frias da solidão.
Um dia, ainda o sol não brilhava, ainda o corpo me tremia de frio e os meus olhos disseram que chegava, estavam cansados de serem os únicos orgãos que mais trabalhavam no meu corpo para traduzirem o sofrimento do coração.
Um dia, chovia, chuviscava, sei lá mais do que sei que fazia frio, apareceste assim como que vinda dum nada, pois nunca me contaste essa estória, garrafa de vinho, não fosse o caso de eu não ter nada em casa para além das lágrimas, e copo a copo conversámos e pouco a pouco recuperei o brilho de verão numa noite de inverno.
Um dia que já não sei se de ilusão ou realidade bonita, renasci com uma bagagem sentimental profunda, funda e cresci um sorriso com alma.

Sanzalando

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