Faço meditação na areia que já foi molhada pelo zulmarinho na maré baixa e que agora está boa para confortavelmente eu deixar o meu corpo inerte enquanto vagabundo por aís. Não construi paredes ou muros à minha volta. Estou virado para o mar a meditar. Se por acaso, mero acaso, eu os tivesse construído, assim numa forma de redoma, não era para me isolar do mundo, era mesmo para ver quem é que se importava o suficiente para os destruir.
Enquanto isso medito. Embrulhado num casaco e numa toalha que a aragem fresca já não me deixa pensar que é verão vou soletrando palavras, vagarosamente para ver se não me engano entre gaivotas e gralhas.
Não me considerasse eu quase a perfeição, e neste estado meditativo eu diria que gostava de ser criança porque o meu coração ainda não havia conhecido tristeza e dor. Mas esta redoma, a minha consciência, sem parede e sem muros, me diz que eu estou a olhar o futuro com o o mesmo sorriso que sempre tive.
Sanzalando
Sem comentários:
Enviar um comentário