Zecamanuel, sem sobrenome, sem título, tudo junto, sem nobreza de apelido ou hífen de cartório. Abandonado pelo mundo e para o mundo no beco de um lugar qualquer, foi encontrado desnutrido, sem roupa inteira, só farrapo e sem papel assinado. Ninguém sabia de onde vinha o branquela. Procuraram de um lado a outro, mas aquela rua, no beco, na Vila, na província, até se tornar um abandonado. Há que seguir o protocolo. Nenhum carro tinha sido avistado faz dias, nenhuma pessoa por perto tinha visto o que quer que seja. Ninguém. Zecamanuel estava sozinho, agora havia papel de polícia a lhe dizer. Tinha olhos castanhos, nenhum pelo de cabelo na cabeça a fazer de cabelo e a única peça mais próxima de uma vestimenta era um pedaço de pano rasgado, o quel não cobria os seus pés. Levado a uma cubata foi criado e ensinado até ao que parecia ser 18 anos, pois ninguém queria adotá-lo. Quem na vida ia adoptar um branquela? Olhavam de baixo para cima e perguntavam para os policiaa “como se chama o garoto?” e elas respondiam “Zecamanuel, sem sobrenome”. Coitado, passou a vida toda sendo excluído e pensando que não era gente como os outros.
O pobre não sabia que indigente é quem tem coragem de deixar gente como ele abandonado, sem comida e sem cuidado, em qualquer lugar.
Sanzalando
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