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28 de fevereiro de 2020

o Chuinga e o Beto Trindade

E hoje me apeteceu ir na tipografia do Zé Côco. Essa tipografia já foi sociedade com o meu pai num tempo em que eu ainda não sabia quase andar e quanto mais pensar. Era lá que faziam o Namibe. Meu kota... se quase eu não te conheci como é que eu ia me lembrar de te ver na tipografia? Mas não interessa esse tempo. Interessa o que eu tenho na memória, já andava na escola e ia lá visitar a tipografia da minha mãe como é que eu dizia. Estava lá sempre o Zé Côco, sua exa o Sr. Trindade, cigarro na mão e se calhar a pensar no soneto que ia sair não tardava nada, e o seu filho Beto. Me lembro do Beto e da lambreta azul clarinha. E nunca descubri porque é que ele me chamava sempre de Chuinga. Mas desimporta isso. Eu ia lá para ver as máquinas a imprimir, desde o livro de facturas
às mais diversas coisas. Aspira a folha, fecha a gaveta, sai folha já impressa. Assim rápido já tinha feito dez folhas e eu ainda a pensar e o Beto a controlar. Lá atras, num anexo lá estava outra máquina minha adorada: a guilhotina. A precisão e fineza do corte. O Beto controlava.
Hoje fiquei a saber que o Beto já não controla nem a maquina de impressão a pedal nem a electrica que fazia puffff de ar comprimido a cada folha, nem a guilhotina de alavanca nem a electrica. 
Perdi muitas estórias da minha cidade mas mais que isso perdi o amigo que me chamava Chuinga porque eu lhe pedia dinheiro para um chuinga na loja ao lado.



Sanzalando

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