Querido amigo
Espero que esta carta te encontre em boa forma física e mental e com um sorriso de orelha a orelha, pois estou quase a chegar naquela praia paradisíaca que você chama de lar! Eu sei que pode parecer um pouco louco, certo? Eu, já um completo estranho, aparecendo do nada e pedindo cama e roupa nesse retiro costeiro onde um dia aprendi a andar, me apaixonei e me deixei embalar em sonhos. Mas você sabe, a vida é cheia de surpresas e eu, desconseguido de mim não sou coisa rara nem estranha!
Deixa-me contar um pouco de mim para que possas me reconhecer quando chegar ao aeroporto. Não vou falar da cor do meu cabelo ou dos meus olhos, porque seria impossível veres. Quero que me vejas além do superficial, assim como tivesses uns óculos especiais.
Para começar, embora não pareça sou uma alma inquieta, sempre em busca de novas aventuras e emoções. Sou como um cão de rua, farejando cada canto e caminhando por aí sem sul nem norte. Lembras-te de algum cão da nossa vizinhança de antigamente? Aquele que ladrava quando um qualquer passava, ou quando não passava ninguém? Aquele que saltava o muro e ia atrás das bicicletas parecia só ladrar para mais depressa pedalarmos? Bem, esse seria eu no hoje de agora.
Tenho uma paixão desenfreada pela natureza e pela escrita embora ainda não consiga escrever duas linhas seguidas, sem gaguejar nos ditongos ou tropeçar nas vírgulas. Às vezes me desconecto do mundo em lugares como praias ou florestas para me inspirar e pegar as palavras que voam no vento e escrevê-las na minha tentativa de ser eterno. Sinto-me mais vivo quando estou ao sol, com os pés na areia ou perdido numa floresta densa. Não preciso de luxos ou confortos extravagantes; apenas um cenário ilustrado e estarei no meu elemento.
Além disso, sou um grande amante de histórias. Não importa se são livros, filmes ou simplesmente anedotas que, como dizia a nossa amiga de infância que faz décadas que eu não sei nada dela, são as aventuras do dia a dia, estou sempre ansioso por mais. Sou como um velho que coleciona palavras em vez de objetos brilhantes. As histórias são os meus tesouros mais preciosos, embora a minha preciosidade esteja em não ter grande história.
Ah, e não posso esquecer de mencionar meu amor pela comida saborosa e bem apresentada. Sou um explorador culinário, sempre disposto a experimentar pratos exóticos e sabores desconhecidos, mesmo nada sabendo de paladares ou de especiarias. Para mim, cada refeição é uma aventura em si e cada dentada é uma nova descoberta que me mata a fome.
Quanto às minhas habilidades, bem, digamos que sou uma mistura de tanta gente que sou incapaz de definir. Posso arranjar quase tudo com fita adesiva e um pouco de engenhocas. Não sou o tipo de pessoa que desiste facilmente frente a um desafio mas, em vez disso, vejo isso como uma oportunidade de demonstrar minha criatividade e utilidade.
Então, amigo, quando me vir chegado no aeroporto, é só procurar alguém com o brilho da aventura nos olhos, o cheiro de sal na pele e um sorriso ansioso por explorar o desconhecido. Serei eu, pronto para mergulhar nas maravilhas do seu mundo costeiro da minha infância.
até breve
com carinho,
eu
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