Me sento em silêncio e olho o zulmarinho. Aguardo o mês de Março. É mês de festa na cidade, é mês de festa em casa porque faz não sei quantos anos que me baptizaram, registaram e eu passei a existir de papel passado. É pena que eu não consiga pôr em palavras aquilo que os meus olhos olham, aquilo que a minha alma sente, aquilo que a saudade faz-me viver em cada instante do meu antigamente.
Como posso eu escrever em tons de lágrima se eu não choro cada pedaço meu? Como posso eu sofrer de angústia se cada segundo meu foi uma experiência de vida? Como posso eu estar triste se os cabelos rareiam e a pele não tem mais a textura do antigamente se é sinal que eu estou aqui agora a rever cada passo que dei?
Me deixo só olhar o zulmarinho e esperar Março, faz de conta o tempo passado é presente e tempo futuro é grande para eu ter tempo de recordar cada instante como um agora.
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