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15 de janeiro de 2010

sentado no vão da minha porta

Continuo sem saber de que sonhava ser um dia quando eu fosse grande que nem agora. Mas hoje dou comigo a pensar que tinha sonhado que eu ia ser pirata, mas não de perna de pau, não de mão de gancho nem zarolho de um olho, que eu gosto de mim assim mesmo inteiro. Tudo porque me lembrei de fazer aventuras no mar, viajar sem destino fixo, procurar o tesouro mesmo que ele estivesse apenas nos confins da minha imaginação. Pensar no balouçar do meu barco de madeira sobre as ondas desse azul feito de mar que até descansa a vista de olhar, ouvir o chiar das cordas marinadas no sal que lhe chega do vento feito brisa e lhes perfuma de maresia.

Sentado no vão da minha porta não faço esforço em sonhar que sonhava quando era criança. Eu, pirata. Tenho a certeza absoluta que não ia ser um pirata detestado nem odiado, porque acho iam dizer que eu vagabundeava na crista da onda na procura dos sonhos que estavam para lá daquela nuvem que vista daqui parece uma baleia sulcando os céus.

Sentado no vão da minha porta eu ia ouvir as crianças me esperar num porto de abrigo com mais estórias para contar do que troféus para mostrar.

Sentado no vão da minha porta finjo que sou criança para ter os sonhos que não me lembro que tive, que não sei se os vivi ou se terei tempo para um dia lhes dar vida. Mas não lhes desisto porque ainda tenho de memória o perfume da terra, o salgado do mar e a gargalhada amiga dos amigos que tenho saudade de abraçar.




Sanzalando

1 comentário:

  1. eu sei que me repito que nem gaga, mas isto que você escreve, é tão bonito que eu fico...gaga, mesmo.

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