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20 de maio de 2010

me olho

me olhei no interior para escutar alguma voz que me viesse da alma. Silêncio absoluto, quase igual àquele que congela tudo. Eu emudeci-me num desesperado silêncio de afonia mental. Me reinterno e vasculho célula a célula na procura da barragem de palavras. Para lá dela vai ter que ter uma albufeira de palavras que represadas estão sem som. Nada. Vais ver que de tanto ter-te contado todas as minhas vidas, fiquei sem corda vocal que vibre sem emoção, que trabalhe sem sentido definido das consoantes constantes dum cacimbo da vida.
me olho e desencontro-me. Não sei mesmo onde me vou procurar mais. Do lado de lá desencontrei-me num até hoje. Do lado de cá nunca me vi nem ouvi.
me olho e tenho a certeza que um dia eu vou conseguir ver-me de sorriso estampado na cara como se fosse um anuncio luminoso a dar cor na noite de trovoada.

Sanzalando

4 comentários:

  1. Bom dia!

    Que texto profundo.
    Muito lindo.

    Beijos.

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  2. Escreveu tão lindo que me tocou fundo e não fosse eu fazer o exercício de impedir a " barragem " das lágrimas e estaria chorando até agora. Assim, sei que os meus olhos brilharam e o meu estômago, onde eu sinto as minhas emoções ( fisicamente )sentiu forte as suas palavras que li e reli. Brigada, muito, tudo.
    Um abraço.

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  3. Mais um texto lindo e emocionante.
    Beijos.
    Vera Lucia

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