Carambolo bilhar sozinho no Aéro Club. É, ando assim como que meio oco. Vá lá, a meio passo da loucura que é a única forma de apagar este fogo de solidão ordinária que me queima. O taco, o giz e a mesa verde que já esteve nivelada e agora está como eu, descaindo para um lado, mais ou menos o lado esquecido.
É a vida. Me dizes sussurrando no pensamento que ouvido só é silêncio.Tudo se vai perdendo, tudo se esquece nos passeios quadriculados de lages cujo nome da pedra eu não sei e nem sei se faz parte dalgum daqueles cristais que aprendi no Liceu, sem ser o triclinico. Sei que era rapaz de sonhos, rodeado de esperanças e carregado de sorriso lindo.
Grisalhei, mudei e o coração grande e generoso mais não é que um mar de lágrimas choradas numa noite de chuva tropical.
Acerto uma carambola, com batota, porque estou só, sorrio e mergulho num oceano de dúvidas, incertezas e até parece que o céu se escureceu para me ilustrar a tristeza.
Ninguém chega para me acompanhar num perde paga, ou num jogo com pin, ou noutra batota qualquer. É apenas entre mim eu, quer o jogo quer a dialética.
Me cravo um sorriso e finjo um tudo bem.
É difícil sentir saudade e com um sorriso encontrar palavras para dizer sem que se notem, cicatrizes.
No Aéro-Club troco-me silêncios por toques de bola de massa parecem são de marfim.
Sanzalando