Chove meia dúzia de dias e eu já digo que chove sempre. Me imagino atolado na lama, fazendo esforço enorme para caminhar, perdida a capacidade de sorrir, esquecida a capacidade de inventar, disparatando os meus segredos sem nexo e calma perdida. Chove há meia dúzia de dias e parece-me uma eternidade. Caminho encolhido, cara fechada sem saber onde pôr o pé num caminhar indeciso. Chove não tropicalmente. Apagaram-se as sombras e expressões da minha cara. Fizesse sol... eu reaprendia rápido, inventava palavras, buscava forças e encontrava os pedaços de mim que havia dispersado por aí.
Chove frio e venta forte. Sinto tremores de lama, moldes de barro me mumificam.
Bem vistas as coisas ainda sou capaz de sorrir porque não chove frio dentro de mim.
Sanzalando
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