Jeremias tomou uma iniciativa que sabia que um dia destes tinha de ser tomada.
Ele fora, até um tempo atrás, senhor de seu nariz, autor das suas decisões e empresário dos seus feitos e co-autor, juntamente com o azar dos seus defeitos, sendo que o seu lema era se amar em primeiro lugar. Tudo o resto vinha depois.
Começado faz anos, pouco a pouco, assim a modo que invisível e silenciosamente, se ia afundando e sem qualquer motivo aparente já não conseguia ouvir ninguém, já não conseguia ver quem quer que fosse e as conversas lhe passavam ao lado mesmo quando parecia tomar toda a atenção deste e outro mundo. No seu rosto se tinha esculpido lentamente uma cara de tristeza e mesmo quando tudo parecia que brilhava, Jeremias se apagava. Virara, como por antes mágicas, num egoísta triste e isolado.
Ele fora, até um tempo atrás, senhor de seu nariz, autor das suas decisões e empresário dos seus feitos e co-autor, juntamente com o azar dos seus defeitos, sendo que o seu lema era se amar em primeiro lugar. Tudo o resto vinha depois.
Começado faz anos, pouco a pouco, assim a modo que invisível e silenciosamente, se ia afundando e sem qualquer motivo aparente já não conseguia ouvir ninguém, já não conseguia ver quem quer que fosse e as conversas lhe passavam ao lado mesmo quando parecia tomar toda a atenção deste e outro mundo. No seu rosto se tinha esculpido lentamente uma cara de tristeza e mesmo quando tudo parecia que brilhava, Jeremias se apagava. Virara, como por antes mágicas, num egoísta triste e isolado.
Hoje Jeremias chorou. Era Sábado e estava sozinho, sentia-se tão vazio que a morte era o caminho certo. Mas se era assim a cabeça, o corpo estava eléctrico, lhe puxava para a farra, a kizomba lhe entrava nas veias mas parava no pescoço. O corpo parecia que ia enquanto a cabeça teimava em ficar. As conversas eram vozes distantes que mal ouvia e nada respondia. O corpo dançava dentro de si. Jeremias sentia o vazio no cheio que ele era. O peso da pressão da vida na sua fraca vulnerabilidade faziam com que pensasse que não sabia o que fazer da vida.
Jeremias gritou, seu rosto de tristeza esculpido acordou o mundo que o rodeava e fez rir. Eu sou um pássaro, disse. Se me deixarem livre voo e não volto, se me engaiolarem eu entristeço e morro, se me mimarem eu me adapto e me apego. Eu não tenho escolha porque a escolha é vossa.
Jeremias sorrindo, abriu a porta e saiu a cantar:
«criamos espaços vazios,
não damos conta d'os preencher,
tiramos água dos rios
com medo de à sede morrer.
criamos monstros de fantasia
apenas para nos entreter,
esquecemos que um dia
é o dia de morrer.criamos ódio e amor,
alimentando-os para crescer,
como se fossem uma flor
apenas para secar a ver
Criamos ideias e fantasias,
muitas formas de viver
para esconder os dias
que nos apetecia morrer
...»
Verdade se diga que nunca mais ninguém viu Jeremias sem sorrir, olhos brilhantes e mãos carinhosas e sempre prontas a se darem. Jeremias me disse que o barulho da chuva é a melodia mais perfeita para sonhar. Este Jeremias era um Jeremias de corpo inteiro
Sanzalando
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