recomeça o futuro sem esquecer o passado

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30 de novembro de 2018

sol de outono

Tem dias em que o cinzento sol me faz esquecer e aquele abraço que me dás foi faz tempo que me esqueci. É sol de outono e se não me falha a memória eu vi-te à pouco mais de um segundo, se tanto. Quando vier o sol de verão eu sei vai ficar tudo bem. Acredito. ~
É sol de outono


Sanzalando

28 de novembro de 2018

amor por acaso ou à toa

Faz um lindo dia de outono. Lá, do outro lado de mim, sei que faz um lindo dia de verão. Estaria de calções e chinelos, caminharia, estou certo, para a praia. Mas aqui, casaco sobre casaco, numa cebolada textil, deixo-me levar pelo falso brilho quente do sol.
Na vida, tirando o presente que é real, o futuro que é imaginação e o passado que é memória, há coisas que acontecem por acaso e outras que acontecem à toa. 
Uma história de amor pode ser chata, melosa, sem pés nem cabeça, absurda, tipo coisa sem futuro, ou pode ser uma história de cinema, um romance de 600 páginas. Quem escolhe a história de amor? Isso é cálculo e vai dar errado, porque as nossas escolhas vão estar carregadas de compartimentos, espartilhos e agarrados ao passado, desimaginados de futuro.
Por isso o amor nasce por acaso.
Daí eu concluir que no outono, numa noite de muita chuva, num dia de vento forte, se acontecer duas linhas paralelas se cruzarem, não liguem, isso foi à toa, isso é imaginação e não vai acontecer nunca. Esse amor é perda de tempo porque o amor nasce por acaso e não à toa. Mesmo no outono quando o falso sol brilha.


Sanzalando

26 de novembro de 2018

o outono é fenomenal.

Chove que até parece o céu desabou num infindável lago esburacado. Nem sol nem sombra. Só se consegue espreitar a água que não para de cair e nem deixa abrir os olhos direito.
Assim sendo, sentado num varandim, olho o zulmarinho que curiosamente está lindo até parece faz pose fotográfica, e me deixo levar em ribeiros de pensamentos que vão desaguar em rios de memória. Me levei à adolescência, aos tempos do banco do liceu onde a pontualidade era ponto certo, não por obrigação mas para refrescar o olhar na colegas pontuais e bonitas que segundo a segundo chegavam.
Acho foi nessa altura que comecei a construção, a descoberta, o crescimento e a oportunidade de começar a amar. Abri o coração. Uma vez, duas, vezes sem conta. A esperança era receber em troca tanto amor como o que dava, ter saudade como a que eu tinha. Não é loucura amar, pensava eu. A dose certa, com e sem defeito, é a parte mais bonita da vida.
E nesta acto de meditação chuvosa segue-se um sol brilhante como não havia previsão fosse acontecer.
É, o outono é fenomenal.

Sanzalando

24 de novembro de 2018

Filosoficamente outono

Não é difícil ser-se feliz. Uma esplanada, um raio de sol,  um sorriso na cara e a felicidade de aceitar o passado como tal. Hoje sou assim, sorriso na cara porque me libertei,  consegui aceitar o meu passado, feliz memória de mim. Passeando nas ruas e ruelas do meu eu,  vagabundeando na minha existência,  olhando-me na alma, consigo ver o que cresci.
Não é possível viver a vida de outro. Falta o passado, essa pedra de toque para o presente.
É outono e eu me deixo levar pelo cacimbo que cai constantemente

Sanzalando

#lugares


#bebidas


#caminhos


#comida


23 de novembro de 2018

#luacheia


outono presente

Se eu calar a minha boca eu vou dizer que estou na solidão? Não. estou mesmo só em silêncio a observar a lua cheia e deixar o meu coração sentir o cair da noite como se fosse a última noite.
Na verdade eu sou livre e como tal eu posso me calar, falar ou apenas assobiar. Sou livre porque o meu passado não tem erro. É meu, me construiu e me deixou ser o hoje. Não é emendável. Assimilei-o de corpo presente e consciente. Sou livre porque subi nas cavalitas de toda a minha estória e consegui chegar a hoje. Umas vezes falando outras calando, umas vezes gargalhando e poucas chorando porque não sou perfeito embora quase. Digo eu, porque sou eu.
É o outono a falar por mim. Outono presente.



Sanzalando

22 de novembro de 2018

#comida


#caminhos


tem tempo o tempo...

Com este tempo tem tempo que me apetece mandar tudo nas urtigas. Tem tempo que me invade essa coisa de frustração, esse amargo de boca, essa acidez que sobressai até na alma. Tem tempo que me canso. Mas a vida é uma subida que desce até na morte. é montanha que vai nas profundezas do corpo, que parece acorrenta uma constante revolta, que se ofusca em cristais e outros brilhos, que chora dores e outras cores, que tem sinónimos e antagónicos. A vida é uma constante cultura de sementes que pode ser germinem. É, tem tempo parece eu baralho e ilusiono a minha verdade.
Com este tempo sinto que a esperança é um ser voante, baixo e não quieto, permanente porém não eterno. Tal como a vida..
Tem tempo que a vida parece toda a hora renascer das cinzas.
Com este tempo, salva-me a memória e a felicidade de conseguir ser feliz.


Sanzalando

20 de novembro de 2018

#mangueira


sol e chuva num momento

Sol. Chuva. Sol. Chuva.
Intermitência no tempo.
Altos e baixos na minha voltagem corporal.
Fico em silêncio e em silêncio grito. Grito de revolta, grito de alegria, grito apenas. Em silêncio.
Deixo-me pensar que sou apenas um pensamento meu, enquanto chove e sou eu enquanto faz sol. O vento, feito de brisa, trás-me a maresia, o sorriso, o brilho nos olhos pelas lágrima inadvertida. 
Assim, o outono, faz-me lembrar a distância que me separa da essência da minha consciência. Lá longe, ao que me lembro, é verão. Animo-me e desanimo-me ao olhar para a chuva que se intercala com o sol, cada vez menos tempo deste.
A loucura me entende mesmo que eu não entenda a loucura.


Sanzalando

18 de novembro de 2018

É outono, outro modo de estar

Chove tormentas sopradas por ventos aluisados. Os alísios sopram de nordeste para sudoeste aqui para os lados do hemisfério norte, os aluisados sopram dum Luis para uma lado qualquer sendo que o Luis é o Zé Silva, ou seja ele quem for. Assim, com este tempo tormentado até parece que me venho despedir, agradecendo todas as letras que saem da minha cabeça deixando lugar para palavras novas que um dia usarei no ultimo escrito que escreverei. 
Os beijos, as carícias, a promessa do amor eterno, o limpar de lágrimas, os silêncios, tudo é o caminho da hibernação mental, é o recordar dum momento vivido, o entender duma dúvida, é um sonho convertido realidade.
Vim-me despedir e entrar no outono real, no cair da folha, no amarelecer da imaginação, no cruzar de abraços trocados perto da lareira
Olho nos olhos e não me os vejo vazios. É outono, outro modo de estar e de ser feliz.


Sanzalando

15 de novembro de 2018

lendo outono

Brilha o sol num cinzento outonal. É dia assim, outono cerrado. Me deixo embalar pelo marulhar do zulmarinho como se estivesse pronto para dormir. Mas ainda é cedo e não me apetece vagabundear madrugada fora até ser hora de levantar. Agarro um livro e ponho-me a pensar em vez de ler. Posso arrancar cada folha deste livro que não me apaga a memória. A vida que vivi está aqui, sempre presente e pronta para recordar. Sim, sei que não posso revivê-la. Mas quem foi que falou que recordar é mau? Aprendi com os meus erros. Se os repeti foi porque não aprendi direito à primeira. Não me torturo. A felecidade não é eterna. tal como a vida. Ser feliz não é fácil. Viver não é fácil. Sei que sofrer parece mais acessível, mais fácil porém é muito tóxico. Por isso vivo. Por isso tenho dias de sol brilhante e outros cinza. 
Não vou escrever dor porque isso não é saudável, assim, leio um livro que não rasguei e levo-me em memórias que não esqueci.


Sanzalando

13 de novembro de 2018

sofrer de outono aqui e verão lá

É outono. Lá é verão e chove. Daqui a pouco por lá vai passar a tifa para matar os mosquitos e eu sei correr atrás a respirar o fumo parece é brincadeira de muitos anos. Nunca ninguém disse faz mal aos pulmões e se calhar intoxica o cérebro e eu não sei como vou ficar no meu futuro. É, eu tenho futuro que já vivi no meu passado de boas recordações. Hoje eu vivo o futuro dos meus sonhos de criança porque os pesadelos eu esqueci ou não tive.
Eu não sou mais aquele que quer estar onde não está, que quer ter o que não pode, que não quer pensar o que pensa, que na incoerência se perde como se fosse um labirinto da estória de outros livros lidos.
Neste tempo só me vejo a remar contra corrente não sei se para encontrar ou me afastar de gente. Rapidamente dou comigo feito multidão, sigo-me na certeza de ter encontrado um caminho mesmo que siga para lado nenhum. Corro. Olho para trás e não paro, o mundo pode estar a dormir que eu acordo-o, mesmo que na minha insignificância esteja a sofrer de outono aqui e verão lá.


Sanzalando

cuido do mundo

Por aqui chuvisca e por lá faz sol de arrasar. Por aqui se fala e por lá se grita. Por aqui se chora  e por lá se canta. Estado de espírito outono verão.
Eu por aqui vou observando. Umas vezes calado, outras resmungando. O universo como está não foi feito para corações e almas puras. A minha alma limpa e depurada nos mais qualificados filtros da inteligência deambula pela minoria dos que sorriem, dança por entre benefícios colectivos, resvala por entre materialidades corrompidas e paira por brilhos de luz e altruísmos caritativos.
Afinal de contas é apenas outono e ainda faz sol, mesmo que seja de brincar e com as palavras soltas construo estradas por onde caminho livre de preconceitos e prisões ancestrais. Pelo menos na minha imaginação cuido do meu mundo

Sanzalando

11 de novembro de 2018

Tem dias assim. Outros não

Cai chuva que nem se vê. Faz frio que se sente. Outonomamente me dizem que lá do outro lado da linha recta que é curva finalmente começou o verão. Olho para lá e vejo que o mar encontrou o céu e mais não consigo ver. Sito o calor. Sinto o perfume e mais que tudo, sinto a saudade.
E assim neste tempo, com os pés no zulmarinho me sussurro um texto que ninguém escreveu, onde a saudade nem sei se entra, mas sei que sai do coração.
Tem dias que os dias pesam mais que outros dias, alguns o sol nem tem força para nascer. Tem dias que parecem não acabam por mais coisas que faço. Tem dias que parecem vazios, que não existe universo. Tem dias em que só apetece sentir o universo dentro de mim. Tem dias que a alma mesmo sendo bela se esquece de maquilhar. Tem dias assim. Outros não.



Sanzalando

8 de novembro de 2018

areia

Brilha sol enquanto chove e eu tremelico de frio. Outono, me disseram em sussurro. Ouvi e calei. Não consigo ser diferente. Podia responder porque sim, porque não ou talvez, mas ouvi e calei porque é outono mesmo.
E como é outono é vulgar ver-me por ai a vagabundear, sem rumo ou objectivo, sem prefácio nem posfácio, com letras soltas e parágrafos assimétricos na vã tentativa de criar problemas entre os meus fantasmas, seres irreais que deabulam no meu delírio mental.
Faz tempo, num tempo assim, que não controlo as marés nem me sento na areia de dor de perto ou de longe. A areia, minha despida alma, mostrando pegadas onde não é alisada pelo maré, onde as gaivotas repousam ao lado dos meus pedidos de perdão, é parte fundamental da minha existência, porque areia, fina ou grossa, enpenca qualquer engrenagem, relixam qualquer relação. 
Areia minha que me desculpe quando te sacudo dos pés.


Sanzalando

5 de novembro de 2018

brilho de outono

Brilha sol e cai chuva. Um misto verão e outono na mesma hora e se calhar no mesmo minuto. Parece o tempo anda perdido na insuficiência dum coração. É outono e sufoca de frio num desentendimento interpessoal. É verão e brilha a alma num contentamento altamente contagioso. Sanduichou o tempo. Misturou sentimentos. Mas tal como eu, o tempo não desiste e a vida, agasalhada ou despida, segue indesistida, umas vezes rasteirando, outras segurando, umas vezes fácil, outras difíceis, umas vezes alegre, outras tristees, umas vezes gargalhando, outras chorando.
É outono e quando eu achar que tem obstáculo impossível de passar, eu não corro. Tento só lhe vencer


Sanzalando

4 de novembro de 2018

vou passar a madrugada

Parece é verão. Um verão outonal, leve brisa refrescando o ar que vem do zulmarinho, pequeno assobio cantando nostalgias e eu de telemóvel na mão telemográfo o que os meus olhos vêem e a memória já é capaz de perder, registando o momento como se usasse uma velha nova máquina fotográfica.
Há quem diga que adora a madrugada e eu, com o passar dos tempos, passei a notar que a madrugada já não me mostra nada de novo senão um cacimbo peculiar, uma trovoada de pensamentos de futuro, umas insónias abafadas pelo silêncio, um intervalo entre o fim dum e o começar de novo dia. 
As madrugadas são para os que sofrem de amores, os loucos e poetas, boémios e líricos e que manhã cedo já não sentem nada.. São para os que carregam o peso da emoção, os tremores do universo, os que interiorizam as estrelas e têm a solidão por eterna companheira.São para os que amam as ruas vazias, o cintilar das estrelas, as luzes frouxas das ruas. As madrugadas são para os esquecidos que não se lembram que existe noite e dia.
Vou passar a madrugada até ser dia.

Sanzalando

2 de novembro de 2018

Tia Clarinha e D. Brites

Foi assim num repentemente que eu vi a casa onde morava a D. Brites, que era da Tia Clarinha, senhora pequena e magrinha. Eram amigas da minha avó e como todas as avós eram velhinhas. Pelo menos para mim. Já não sei era uma vez por mês ou por semana a minha avó lá ia visitar a D. Brites e a tia Clarinha. Eu, sem hipotese de escolha tinha de ir fazer companhia ás duas senhoras que falavam e falavam. Lebro-me que para além de tricot e da vida de uma ou de outra rapariga da idade delas, o que me fazia rir, de chamar rapariga na avó, falavam também da caridadezinha. As senhoras Vicentinas, acho eu era este o nome. Mas isso não vem aqui para esta lembrança. O que vem mesmo é que eu lembro da D. Brites sempre reclamar com o clima. Lá na Metrópole é que é bom, Saudável dizia ela. E a minha avó que não conhecia dizia no regresso a casa, um dia temos que ir a essa Metrópole, que é saudável e se calhar lá não se morre. E eu lá fui aprendendo aquelas coisas


testo publicado neste blog em 2004 e que por acaso resolvi republicar

Sanzalando