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28 de fevereiro de 2019
sopra vento norte
Como sopra o vento vindo lá do norte em direcção ao meu sul.
Sanzalando
Respiro fundo. Me deixo levar pelo sopro. A minha vida não é esta, não é assim que me defino. As cicatrizes são isso mesmo, cicatrizes, feridas que sararam dos tombos que fui dando como todos os tombos fortuitos. Dei uma pausa, o tempo, medida, me fez parar e respirar. Usei o tempo a meu favor.
Há momentos em que a pausa, o puxar o ar para dentro, o respirar, faz soltar os pensamentos de lá de dentro, soltá-los entre dúvidas e inspirações e rebentar as bolhas da incerteza. Não deixo as feridas sangrarem mais do que o menos tempo possível, não levar as dores às costas nem carregar o mundo dentro de mim.
Com este vento que sopra do norte, que apaga as velas da escuridão, que despenteia os alinhados pensamentos, que consegue ultrapassar os problemas, cicatrizo as minhas feridas, ergo-me no meu pedestal e cabeça levantada entro nos melhores dias da minha vida.
Que me disse isto tudo assim caladinho foi o zulmarinho
Há momentos em que a pausa, o puxar o ar para dentro, o respirar, faz soltar os pensamentos de lá de dentro, soltá-los entre dúvidas e inspirações e rebentar as bolhas da incerteza. Não deixo as feridas sangrarem mais do que o menos tempo possível, não levar as dores às costas nem carregar o mundo dentro de mim.
Com este vento que sopra do norte, que apaga as velas da escuridão, que despenteia os alinhados pensamentos, que consegue ultrapassar os problemas, cicatrizo as minhas feridas, ergo-me no meu pedestal e cabeça levantada entro nos melhores dias da minha vida.
Que me disse isto tudo assim caladinho foi o zulmarinho
Sanzalando
27 de fevereiro de 2019
ganhar vida em cada sorriso
E o sol continua a nascer brilhante como o diamante da morena da minha adolescência. Eu, o zulmarinho e pedaços da minha memória, viajamos à velocidade da luz por tempos que não sei se tiveram existência ou foram apenas imaginação.
Algumas vezes, por acaso e salteando, leio as palavras que por aqui e por ali fui deixando, e vou sentindo saudades dos tempos em que as coisas eram fáceis.
O sol continua a brilhar e com o tempo a gente cresce e vai dando conta do que se vai perdendo. É certo e a certeza às vezes amachuca.
O sonho é um alivio da vida, a realidade é um exagero e eu não sei porque me deito sobre isto quando podia estar só ali no meu canto a sonhar.
Ah, vou devolver as milhentas agulhas que fui engolindo ao longo do tempo e mesmo que doa vou sorrir porque perdido está no passado e no futuro é só ganho, um ganhar de vida em cada sorriso.
Sanzalando
26 de fevereiro de 2019
coerência na existência
Deixo nascer o sol, prevendo que vai nascer um dia lindo. Os dias são sempre lindos desde que eu os possa apreciar.
O zulmarinho lá está no seu azul revolto, marulhando como um rugido de leão, espraiando-se como uma avalanche de espuma sobre a areia das mil cores que parece se gasta em praias curtas.
E eu medito. E eu deslizo pensamentos, uns sobre outros, num completo volteio da minha existência. Não me cobro assim tanto, não me encareço para desvalorizar. Já o universo está cheio de críticos, alguéns que gostam de julgar quando não passam de gente vestida sem roupas, nuas de cuecas e conhecimentos, vazias de sabedoria ou cultura. São as pessoas do inferno que infernizam as pessoas deste mundo. Eu, solidário da solidão voluntária, gordo de prazer e de vida, não olhando para audiência, apenas na vivência e consistência, sigo os pensamentos como forma de vida. Coerência na existência, mesmo nos dias maus de inverno.
Sanzalando
25 de fevereiro de 2019
o tempo de inverno em verão vice versa
Não me deixo embalar no balanço brilhante do sol que queima, porém sinto um universo dentro de mim e assisto a um céu nublar e desnublar com tamanha frequência que não consigo acompanhar. Perdi as contas, a quantidade de vezes que isso acontece ao dia. Já não sei a definição de tempo que é distinta aqui, cada planeta dentro de mim, e eu não consigo acompanhar as mudanças imprevisíveis desse tempo/clima, identificar em que momento deste tempo/medida eu estou em que planeta, só sinto as consequências deles que eu não prevejo, elas apenas me acometem e eu as aceito, as permito e as incentivo.
É tão tempestuoso por aqui, chove tanto algures numa parte de mim, chovo demais e noutros sou deserto.
É inverno e é verão. Venha santo ou diabo e eu sou ambos. Dependo-me dum querer que já não sei o que quero. Dependo dum tempo que não sei se tem tempo para o tempo que tenho.
Sanzalando
Sanzalando
24 de fevereiro de 2019
23 de fevereiro de 2019
22 de fevereiro de 2019
zulmarinar
Hoje vim zulmarinar. Assim mesmo. Zulmarinar-me. Olhar esse zulmarinho e esquecer eu existo. Esquecer palavras, frases, textos e contextos. Vou só zulmarinar. Sei que está frio e não posso me molhar. Sei que as ondas estão de mar bravo e não posso mergulhar. Sei que não é tempo de me esquecer de mim e do mundo. Por isso e apenas por isso me zulmarino na dobra que se desdobra numa manobra de sonho e meditação, num ajeitar da vida de encontros emotivos. Hoje zulmarinei-me, apenas.
Sanzalando
21 de fevereiro de 2019
Maduro e Sábio
Ai que o sol se faz sentir nos olhos e não no corpo. Sol de inverno parece é verão olhado de dentro da janela. Neste canto, protegido desse vento que ultrapassou a minha preferida brisa, me deito a meditar sobre tudo e quase sempre sobre nada. Muitas vezes ponho ko o meu ego, rasteiro o meu orgulho e dou um jeito diferente de ver as minhas falhas e os meus erros. Amadureço! Afinal de contas ainda estou a crescer, e tenho muito por onde o fazer.
Imagino-me maduro e sábio um dia.
O sol de inverno tem destas coisas.
Sanzalando
19 de fevereiro de 2019
olhei o sol de inverno
Olhei à minha volta e o sol brilhava que nem novo. Foi aí que, olhando no zulmarinho, me atirei às feras do pensamento e desatei numa luta de imaginações e outras constatações. Em algum lugar da minha cabeça eu acreditei em mim, no espaço que fui ocupando ao longo do tempo, em todas as coisas que me aproximei, em todas as conversas que me entretive, em todas as carícias que dei e recebi. O sol não brilharia assim se eu não estivesse aqui.
Na sombra, na penumbra ou na escuridão da vida eu também vi luz, mas não este brilho do sol que eu sinto junto deste zulmarinho. Se me perder eu me encontro, não me deixo soterrar por esses monstros pesadelos, essas disformes forças de dor e saudade.
Faz sol que não aquece mas brilha que até parece é dia de verão do lado de lá, do outro lado de mim.
Sanzalando
18 de fevereiro de 2019
17 de fevereiro de 2019
pessimista com optimismo
Cai cacimbo parece perdigoto trazido pelo vento que sopra vindo lá do norte. Me abrigo deste cantinho do zulmarinho, olhar perdido no mar alto que se estende para sul e que parece termina já ali porque o cacimbo não deixa ver mais para lá, num momento em que parece não faço nada, só medito. É um modo de estar aparentemente sem sentido que eu sinto.
Dá para ver que este modo de estar é um sem sentido, um cacimbo de vida que quase parece na~ser um quase sem sentido e essa consciência faz-me saber que afinal faz um pouco de sentido. É, hoje virei um pessimista com optimismo.
Dá para ver que este modo de estar é um sem sentido, um cacimbo de vida que quase parece na~ser um quase sem sentido e essa consciência faz-me saber que afinal faz um pouco de sentido. É, hoje virei um pessimista com optimismo.
Sanzalando
15 de fevereiro de 2019
14 de fevereiro de 2019
13 de fevereiro de 2019
é a saudade
Me levo nesse brilho de sol de inverno e levito o meu pensamento por miragens de passado feito presente, por recordações de ausências, por memórias que não sei se reais. O zulmarinho marulha num espraiar com sabor a maresia.
Já nem sei se estou sóbrio ou em extase sem ombro onde possa deixar as minhas lágrimas de saudade, já não sei se o whisky que bebi faz anos me embebeda agora na forma de nostalgia, já não sei se a glória da juventude me branqueia os cabelos na bafurada dos fumos do tempo.
Sei que todos os momentos foram momentos de vida, sei que todas as ideias foram ideias com vida, sei que todos os sonhos foram realidade.
É, o inverno daqui tem coisas do verão de lá. Uma delas é a saudade, essa eterna abstinência...
Sanzalando
Já nem sei se estou sóbrio ou em extase sem ombro onde possa deixar as minhas lágrimas de saudade, já não sei se o whisky que bebi faz anos me embebeda agora na forma de nostalgia, já não sei se a glória da juventude me branqueia os cabelos na bafurada dos fumos do tempo.
Sei que todos os momentos foram momentos de vida, sei que todas as ideias foram ideias com vida, sei que todos os sonhos foram realidade.
É, o inverno daqui tem coisas do verão de lá. Uma delas é a saudade, essa eterna abstinência...
Sanzalando
12 de fevereiro de 2019
11 de fevereiro de 2019
ao som do marulhar
Olha só como o sol hoje brilhou que até quentinho me parecia. Deve ser de ser dia de semana e ter que ter sorriso na cara para mostrar.
Com ele assim me sentei na beira do zulmarinho e me meti conversa com os meus pensamentos numa imaginação de não ter de parar. Me vi a viajar numa viagem sem interrupções, sem chamadas ou mensagens, só numa de olhar e ver na interioridade de mim, lugares a descobrir num álbum de fotografias de músculos e ossos, de memórias vividas ou simplesmente lembradas.
Olha só esse sol e vem fazem lembranças comigo ao som do marulhar.
10 de fevereiro de 2019
9 de fevereiro de 2019
7 de fevereiro de 2019
sol de inverno
Olha só o tempo que o tempo me fez. Brilha sol com frio gélido e eu aqui caminho meditabundo-me em emaranhados pensamentos como que a querer livrar o mundo dos maus, pensamentos.
Olha-me só a tentar adivinhar os teus sombrios pensamentos como que a tentar saber a verdade que me queres esconder.
Olha-me só a procurar as palavras dos teus discursos incoerentes para compreender a desordem e inquietude.
Olha só para mim e me vês entrelaçado em sobriedades esquecidas, em mares bravos de calmaria disfarçada de remoinhos inquietos, potes de esperança derramados na mente sólida dum esqueleto de sensibilidade.
Afinal de contas, olhando o zulmarinho, faço promessas de dar oportunidades ao dia inteiro, ao céu e às nuvens que não aparecem.
É coisa de sol de inverno, melodia de tristeza alegre
Sanzalando
6 de fevereiro de 2019
5 de fevereiro de 2019
dia não, mas nasci para empurar o mundo
Não sei quem foi mais que se lembrou de fazer um calendário divido em quadro, de calor a frio e passando por pontos intermediários. Devia de ser noite frio e chuva e dia calor e sol. Simples como simples seria o meu dia a dia. Assim está carregado de dia não que nem o disco da Kátia Guerreiro. Por acaso o dia não dela é uma versão de encher a alma de alegria. O meu dia não é assim um dia de não devia mesmo ter existido. Acho que ao fim do dia eu estava carregado de 5 mil toneladas de peso na consciência de tanto ser não o dia, que se eu fosse num carro e passasse num viaduto hoje tinha notícias de jornal a dizer que viaduto sucumbiu ao peso da consciência dum condutor, sem razão aparente.
Mas vamos noutra parte deste inverso carregado de frio que leva na meditação ou somente no pensamento mais profundo dum dia acinzentado.
O dia devia ter saído por aquela porta, devagarvinho para nem levantar brisa, não olhar para trás para não deixar nem rasto de saudade, esconder os olhos de gelo invernoso pora não deixar na memória nem a luz dum olhar.
Tem dia que nem um beija-flor me deixava lhe olhar e o zulmarinho se atirava a mim com fúrias de leão.
Mas é inverno de frio de manhã â noite e tenho de me aguentar com o sorriso de quem nasceu para ser assim: levar o mundo para a frente, mesmo quando ele parece quer parar.
Sanzalando
3 de fevereiro de 2019
2 de fevereiro de 2019
mudas, de inverno
Quem nunca mudou com o tempo? Aos poucos fui deixando de ouvir certas músicas, de usar certas roupas, de falar com certas pessoas, de usar determinadas palavras, de olhar certos olhares e de sentir certos sentidos.
Mudar faz parte da vida, embora a essência seja sempre a mesma, embora a base seja sempre a mesma. Quando encontro um obstáculo na vida, não desanimo ao passar por ele, pois com o tempo ele se tornará, aos meus olhos e à minha memória, pequeno. Não porque diminuiu, mas porque simplesmente eu cresci.
Sanzalando
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