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6 de outubro de 2005

Usando as Garrafas...fazendo um novo Zulmarinho - XXVII

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Usando as garrafas...fazendo novo Zulmarinho - XXVII Hoje, 18:58
Forum: Conversas de Café

Um dia cinza, na minha vida cinzenta. Afasto-me do quarto onde me enclausuro na vã esperança de me manter espiritualmente ligado a ti, caminho pelas franjas do Zulmarinho, sem camisa, para aproveitar melhor os pingos de água diminutos dos salpicos que me salgam a pele. Olho sem ver a lonjura desse mar que me liga e me afasta. Procuro um recado, um sinal, uma esperança a balouçar na crista de uma onde que sei, penso que sei, que vai chegar. Mais tarde ou mais cedo, num horário não estabelecido, desarrumando toda a minha linha de pensamentos.
Porque tive a ideia de dar uma de romântico e mandar-te uma mensagem caligrafada num papel amarelado dentro de uma garrafa cor de âmbar? Porque não acompanhei os tempos e não te mandei a mensagem como um ser normal o teria feito? Um gosto amargo de sofrer!
Ninguém na praia me vê. Ninguém nota a minha presença, já que estão todos absorvidos a ver os filmes de suas vidas a passar num ecran de éter.
Deu-me para sorrir. Toda graça está de volta ao lembrar-me uma vez mais nos tempos em que me empoleirava, ficava ziguezagueando pelos pátios, pés descalços, como criança, ver-te no sentir-te em toda a parte, ali sobre mim. Eu com o físico de hoje, com a idade de hoje a reviver todo aquele tempo. Deu até para me ver brincar, mesmo agora depois de ter crescido, as mesmas brincadeiras de outrora. Eu procurei coisas para brincar, qualquer brincadeira serviu para eu te reviver no íntimo.
Eu fiquei bastante tempo nesta brincadeira, sem tirar os olhos do azul ondulante deste Zulmarinho que tarda em cumprir com a missão quase impossível que lhe havia encomendado. Achas que não tem graça? Eu achei o máximo, eu destruí o mito de que tinha deixado de ser criança. Eu consegui transportar-me para junto de ti, ignorando que tinha sido eu que fizera a opção, mais uma vez não optimizada, de não te incluir nos meus sonhos futuros.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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