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7 de outubro de 2005

Usando as garrafas...fazendo novo Zulmarinho - XXVIII

Naqueles instantes de imaginação brincativa consegui provocar em mim a exacta sensação sentida nos outros tempos. Senti o cheiro da terra molhada depois de uma boa chuvada que apanhávamos de vez em quando, consegui ver as florzinhas produzidas depois dela, naquele mar de areia dourada onde eu ficava mais próximo de ti. Senti uma abertura na minha mente, um abrir de olhos para uma paisagem precariamente montada mas infinitamente mais atraente do que muitas cidades ou calçadas vazias, durante os rápidos segundos em que eu conseguia ver o filme de brincar com a idade adulta as brincadeiras de criança. Eu poderia ter desaparecido ali mesmo, com a alegria de ser feliz. Mas eu queria um pouco mais. O céu cinzento de um dia cinza estava a queimar a minha mente com sonhos sonhados em idos tempos fora, criando um misto de alucinação e delírio, ansiedade e medo. Não preciso voltar ao normal já. Quero ter tempo para te ver com os olhos de hoje, para te sentir com os sentimentos de hoje, para te compreender com os conhecimentos de hoje. Quero ter tempo para o tempo que te desdenhei na ignorância de não querer saber de ti. Quero ter tempo para te compreender dentro de mim. Queria ter tempo para recuar no tempo.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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