A Minha Sanzala

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1 de outubro de 2005

Usando as garrafas...fazendo novo Zulmarinho - XXIII


O dia passou sem que eu lhe desse conta, mas tu estiveste sempre presente, porque quer queira quer não, tu já fazes parte de mim, és um abcesso cerebral, um tumor não visível que me atormenta ou me faz feliz em cada segundo que passa.Chegada a noite, banho tomado e perfumado lá fui eu com cara de quem vai a um velório. Mas um convite para dançar, falar e beber uns copos com uma amiga dos tempos em que usava tranças e calças à boca-de-sino, LaFiness, por mais que me custe não poderia perder. Há dias e coisas que mesmo não querendo tem que ser, combater-se a inércia do repouso e dar largas ao corpo. Chegado lá a minha surpresa foi imensa, ela já não usava as tranças até meio das costas, mas tinha o mesmo ar dos tempos de outrora. Madura, muito mais madura porém no ponto sem vírgula. Dancei até a transpiração colar-me a camisa ao corpo. Senti a minha alma flutuando, levitei como noutras épocas. O ritmo da música e do meu coração eram um só compasso. Mesmo aquela juventude em redor, todos cheios de força, não me intimidaram e coloquei toda a minha energia naquele espaço de tempo. Se eu fosse de acreditar em sobrenatural e coisas desse filme eu teria a certeza que estava possuído por ti. Foi uma satisfação que só poderia comparar com duas coisas na vida, ter-te vivido ou um clímax sexual.Agora, no quente silêncio deste meu quarto volto aos pesadelos da opção. Opção tomada, responsabilidade arcada. Pago com juros toda essa dívida, escrevendo-te esta mensagem num papel pardo, mas com um sorriso nos lábios pela noite passada.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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