Olhei para um ponto do infinito. Atravessei chuvas, ventos e cacimbos apenas com o olhar para ver as tuas palavras, sentir o teu perfume. Guardei os meus gestos para esconder tanto desejo de te abraçar. Gastei apenas o tempo dum olhar, mas ficou a sombra do pensamento petrificada na minha vontade, constantemente martelada como se construísse uma mental estátua da minha vontade.
Um dia, assim num depois dum Outono construo mil pontes simétricas e caminho, se necessário, interminavelmente, até sentir o teu desejo, até ver-te reflectidas nos meus olhos, até sentir-me leve pela pulverização da sombra petrificada.
E eu neste Outono desejo-te tanto!
Um dia, assim num depois dum Outono construo mil pontes simétricas e caminho, se necessário, interminavelmente, até sentir o teu desejo, até ver-te reflectidas nos meus olhos, até sentir-me leve pela pulverização da sombra petrificada.
E eu neste Outono desejo-te tanto!
Sanzalando
Mas que sei eu das folhas no outono
ResponderEliminarao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha
Ruy Belo