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30 de novembro de 2008

Construo pontes de outono


Olhei para um ponto do infinito. Atravessei chuvas, ventos e cacimbos apenas com o olhar para ver as tuas palavras, sentir o teu perfume. Guardei os meus gestos para esconder tanto desejo de te abraçar. Gastei apenas o tempo dum olhar, mas ficou a sombra do pensamento petrificada na minha vontade, constantemente martelada como se construísse uma mental estátua da minha vontade.
Um dia, assim num depois dum Outono construo mil pontes simétricas e caminho, se necessário, interminavelmente, até sentir o teu desejo, até ver-te reflectidas nos meus olhos, até sentir-me leve pela pulverização da sombra petrificada.
E eu neste Outono desejo-te tanto!


Sanzalando

1 comentário:

  1. Mas que sei eu das folhas no outono
    ao vento vorazmente arremessadas
    quando eu passo pelas madrugadas
    tal como passaria qualquer dono?

    Eu sei que é vão o vento e lento o sono
    e acabam coisas mal principiadas
    no ínvio precipício das geadas
    que pressinto no meu fundo abandono

    Nenhum súbito súbdito lamenta
    a dor de assim passar que me atormenta
    e me ergue no ar como outra folha

    qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
    As coisas vêm vão e são tão vãs
    como este olhar que ignoro que me olha

    Ruy Belo

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