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24 de novembro de 2008

Quem sou neste Outono


Só porque é um Outono carregado de melancolia eu me pergunto quem sou.
Às vezes me parece que sou a sombra parda que me acompanha pensativamente, aquela que escuta os meus silêncios e desnuda as minhas tristezas. Outras vezes penso que sou quem te acaricia quando te me apresentas irada, magoada ou triste. Eu sou quem te beija no silencio da solidão, quem quer entrar nos teus sonhos.
Tu não me podes perguntar quem sou porque apenas sempre me perguntas porque te quero!


Sanzalando

1 comentário:

  1. Voz de Outono

    Ouve tu, meu cansado coração,
    O que te diz a voz da Natureza:
    — «Mais te valera, nú e sem defesa,
    Ter nascido em aspérrima soidão,

    Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
    Frio e cruel da mais cruel
    deveza, Do que embalar-te a Fada da Beleza,
    Como embalou, no berço da Ilusão!

    Mais valera à tua alma visionária
    Silenciosa e triste ter passado
    Por entre o mundo hostil e a turba vária,

    (Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
    Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
    Os sonhos ideais que tu sonhaste!» —

    Antero de Quental, in "Sonetos"

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