Sigo a linha do Outono, debruada em tons de ouro sob seu fundo cinzento. Com voz firme, umas vezes, gaguejando outras, vou manipulando palavras, circunscrevendo ideias, abrilhantando conceitos, opulentando frases, engrandecendo conceitos, suposições, entendimentos, silêncios. Tanto as vou esticando que muitas vezes já não sei assimilar o que resta do meu corpo e sobra da minha alma.
Além de ser Outono é também o meu Outono, parte do meu Outono. Sei lá o que sei para além do que sou.
Continuo a adorar a sua poesia, de palavras simples mas que dizem muito.Estas trazem consigo os tons quentes do outuno. O dourado dos seus sonhos, e o vermelho quente das pavras que lhe ditam o coração. Bom fim de semana.
ResponderEliminarVera >Lucia
Ninguém cheira melhor
ResponderEliminarnestes dias
do que a terra molhada: é outono.
Talvez por isso a luz,
como quem gosta de falar
da sua vida, se demora à porta,
ou então passa as tardes à janela
confundindo o crepúsculo
com as ruínas
de cal mordidas pelas silvas.
Quando se vai embora o pano desce
rapidamente.
Eugénio de Andrade, in
"Ofício de paciência", 1994