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25 de novembro de 2008

Outono em ponte

Caminho por este Outono incerto como quem procura a saída, uma porta para poder falar-te, um holograma onde me apareças sem nuvens, ventos ou rachando-me de frio. Deambulo neste labirinto de cores cinzas e dourados, fugindo das sombras falsas, das recordações que se tornaram pesadelos, das feridas cicatrizadas no vazio da alma. Caminho procurando não me perder num vagar, não me dobrar numa dor nem lacrimejar por fraqueza.
Caminho pelos caminhos do Outono como quem procura um raio de sol onde se possa aquecer.



Sanzalando

1 comentário:

  1. Em uma Tarde de Outono

    Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
    Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
    Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
    Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

    Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
    Visitaste este mar inabitado e morto,
    Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
    Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

    A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
    A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
    Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

    E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
    E contemplo o lugar por onde te sumiste,
    Banhado no clarão nascente do arrebol...

    Olavo Bilac, in "Poesias"

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