Abri um livro e folha a folha fui lendo. As palavras mostravam-me imagens coloridas em aguarelas, formas geométricas, caminhos e estradas, toda uma novela que eu ia fazendo de memória. Eu dizia, estas palavras foram escritas para mim, estas imagens são como as minhas imagens, estas estradas são as minhas estradas. Era-me tudo tão familiar que até me fez confusão de olhar para mim e ver se o eu que estava a conversar comigo era mesmo o eu que estava a ler o livro folha a folha, enquanto ouvia o mar.
Mais eu lia e mais me convencia que era tudo escrito para mim, assim num sem tirar nem pôr, como se eu tivesse uns tantos muitos anos a decorar coisas que estavam ali naquele livro que eu lia folha a folha, que eu vivia de memória cada imagem, cada forma geométrica e percorria cada caminho e sorria cada sorriso como quem chorava cada lágrima ali escrita.
Mais li, como sedento bebesse água com medo de morrer de sede. Eram todas as minhas palavras, todos as silabas que sibilei.
Mas afinal me recordei que eu nunca escrevi num papel as palavras todas que pensei, os caminhos que percorri nem as lágrimas que chorei. Eu só estava a ler era mesmo um livro que tinha comprado.
Sanzalando
Quem sabe se as palavras eram mesmo lhe destinadas?!
ResponderEliminarQuem sabe...
Como sempre, Lindo o seu escrito.
Obrigada.