Caminho nervosamente da direita para a esquerda ou vice versa. Importante mesmo é que parece que tenho formigueiro no corpo que me impede de estar parado. Neste irrequieto caminhar me passam pela cabeça filmes de vidas que vivi, outras que imaginei e outras que desejei. Não importa a ordem, importa é o desassossego que me causam.
Irrequietamente me lembro do meu avô que desejava que o velho Ferrão, me desculpem mas foi sempre assim que o conheci, o velho Ferrão, recebesse o vinho Rosé para ir na sua barraquinha de feira comer um cachorro quente e beber uma taça de Rosé. Acho que ainda hoje não lhe provei assim como faz cerca de 35 anos que não toco num Casal Garcia ou Gazela, mas que hoje me lembrei de os ver no filme da minha mente. É irrequietante ter filmes assim, repassados na memória e vivos na vida. Da mesma maneira me lembro de ir ao sábado ao João Padeiro buscar uma garrafa de vinho da pipa que tinha chegado, porque o meu avô me mandou. E não é que me vem à memória a luta por uma taça de leite creme que a avó fez nove e somos apenas oito?
Irrequietamente caminho de um lado para outro e me revejo em tantos filmes que já não sei se estou em coma ou apenasmente a passar por uma fase de lembranças recalcadas que os meus filhos não têm o prazer de ter.
Sanzalando
Em dia da Criança Africana, muito bonita essa viagem ao passado e aos afectos.
ResponderEliminarAchei delicioso.
Obrigada pela beleza de mais um texto que me encantou.
Abraço
Gostei imenso do artigo. Li ontem e não consegui inserir o meu comentário... Tambem me levou a recordações queridas, deixando aqui o meu obrigado por isso.
ResponderEliminarAbrs
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