Sentado algures numa pedra dum paredão de mar construo castelos de palavras e sonhos, risos de gargalhadas, lágrimas de choro, caras máscaras ou olhares brilhantes. Quem passa e me olha vai pensar ele está triste. Faz tempo está triste. Depois outro, que passasse mais tarde, ia dizer enloucou porque me viu sorrir ou mesmo a gargalhar e sem mais ninguém a não ser o meu pensamento por companhia.
Acontece que ninguém percebe que eu não quero ficar toda a hora de olhar triste ou cara gargalhante. Quero ser eu, nos meus defeitos, feitios, virtudes. Acham que é pedir de mais?
Nas minhas conversas o meu olhar percebeu o brilho do teu e reparou que uma lágrima escorreu no teu rosto. Meu gesto imediato era ir secá-la com um beijo. Mas não fazia sentido porque algures no paredão eu estava sozinho com os meus pensamentos. Reparei que sorriste porque deves ter imaginado o meu gesto impensado.
Quando me olhei eu estava a chorar. Foi aí que eu percebi, que sozinho algures num paredão de mar havia um chorar de amor e quem me visse iria pensar, triste, louco e apaixonado.
Sanzalando
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