Me embalo no som da chuva que cai vagarosamente, parece é chuva tímida, enquanto embrulho pensamentos com pedaços de memória e atados a desejos sonhados. Me lembrei, faz pouco tempo, dos meus medos de criança. O escuro, o pouco, o nada, a indiferença, o vento, a trovoada e a mesma coisa de ser apenasmente só mais um. Hoje sinto medo de ter medos. A vida nos faz cansar mas a gente tem que ultrapassar todos esses medos, até os calejados que parecem fazer já parte nós, que transformam o sorriso num esboço mal definido e que atiram para os nossos olhos um ar inexpressivo. A vida nos faz ter medo de partidas, de deixar de respirar e de deixar de ser a gente como a gente sempre pensou que a gente era.
Me embalo ao som da tímida chuva, preguiçosa, e solto um suspiro enquanto olho pela janela, fechada, os pingos não verticais que essa chuva deixa deslizar pelos vidros e desato do sonho um pensamento da memória em que me diz que tenho a alma viva dentro do meu vivo corpo.
Sanzalando
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