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20 de novembro de 2013

silêncio meu

Me gritam lá de longe: acordaaaaaaaaaaa!
É óbvio que quem o faz me gosta, de contrário me ia deixar para ali a dormir, não importa que horas são ou vão ser. Importante que essa voz me deu espaço. Gritou de longe, comecei eu. Já sei que essa voz me irrita, já sei que lhe faço zangar e por vezes chega mesmo  no chorar. Mas eu sei que essa voz vai estar sempre comigo. Umas vezes encostadinha no meu ouvido, outras nem lhe ouço se não de imaginação. Essa voz não é obsessiva, é mesmo só preocupação. 
Essa voz é minha. A minha voz me irrita mesmo quando me grito em silêncio, converso calado ou soletro palavras mudas.
Me gritam outra vez: acordaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Olho para todos os lados para ver se vejo quem me imita num escondido recanto da memória. Não. Estou só no raio da minha visão e não me sinto olhado nem de longe.
É a minha voz que me quer acordar deste silêncio, que me quer arrancar palavras e me ouvir dizer que amor de verdade não é solidão de caminhar mas pode ser de complementar.
Como me irrita a minha voz, a voz bonita de estar calado.


Sanzalando

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