Troco palavras como quem troca cromos. Tenho tantas frases repetidas, tantas ideias sonhadas, tantos sonhos apagados, tantas coisas que as palavras não sabem nem dizer. Devem ser palavras com letras mudas ou mesmo mortas. Se eu soubesse mais palavras que as palavras simples talvez eu não as trocasse, talvez eu as coleccionasse numa grande caixa de sapatos, bem catalogadas, com fitinhas a separar que podiam, ser virgulas ou uma ou outra interrogação.
Troco palavras como se fosse disléxico, de ideias e conceitos, formas e preconceitos. Eu podia arranjar palavras para dizer que já vi muito amor virtual mais verdadeiro que o real. E segurava as palavras mais como? Em base em quê? Na forma de quê?
Palavras que me confundem na fusão de frases, parágrafos e outras formas que tais.
Eu olhei-a e tive um ataque no coração. Ela só pode ser coisas ruim pois coisa boa não faz nem metade disso. Faz só assim um corar e ter risinho de parvo. Junto palavras para tentar dizer coisas, para ver se consigo descrever sentires. Mas as palavras são tão poucas e ainda por cima as troco.
Sanzalando
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