Porque penso? Porque teimo em deixar palavras dispersas por aí? Porque insisto em buscar sentimentos, idolatrar nostalgias ou choramingar saudades? Porque me perto em letras, silabas e palavras?
Não há charme que resista à inconveniência das palavras simples, mal escritas, mal desenhadas, mal colocadas. Insisto na busca da perfeição, na frase filosofal da minha vida, na pedra charneira dum rumo desenhado ao acaso na anarquia dum destino. Tudo palavras! Às vezes imperceptíveis e outras tantas loucamente desvairadas.
Porque penso?
Sou um erro ortográfico duma cópia da primária. Uma redacção por escrever ou uma fórmula matemática por resolver.
Palavra puxa palavra e me perco no desejo de ter um gosto que goste e consiga dizer.
Gosto de ti. Simples e directo. Gaguejo no pensamento e corei na alma. Simples e verdadeiro.
Palavras. Apenas palavras das paginas simples dum dicionário não ilustrado.
Porque penso? Insisto! Porque o amor é para sempre até ao momento em que deixa de o ser?
Desenho palavras porque não sei desenhar desenhos de verdade. E palavras sei? Tento. Chorar sei? Choro.
Palavra que só estou a tentar aprender a escrever uma alma penada, panada ou peneirada na rede fina da vida, como um destino fatal abraçado a um instinto final.
Sanzalando
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