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22 de novembro de 2013

soletramente

Soletro palavras que choro, porque as quero tanto e as não tenho. Quando me faltam as palavras eu morro e se as sinto faltar, sinto que morro a seguir. Como eu conseguiria viver tantos anos quantos os que quero ainda se não tiver palavras para soletrar?
Só as palavras me entendem, só as palavras sabem a saudade que eu transporto, só elas sabem o que é a nostalgia do tédio e a maratona sob sol escaldante dum desamor errante.
A palavra é a sombra que me refresca, a água que me mata a sede, o primeiro passo da manhã da vida.
Sem palavras sou uma estátua, bronze esculpido no desentendimento, partida asa dum anjo de luz apagada.
Soletro palavras com medo de as acabar e entrar nas valetas escuras da vida, na angúistia particular de não ser quem sou, de perder o estômago pelos olhos.
Soletro palavras com medo de deixar de ser quem sou.

Sanzalando

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