Pensei e logo a escrevi numa folha de papel para não me esquecer. Agora dar continuidade sem cair na tentação da morte viva, sem me afogar no mar da nostalgia, dar colorido que condiga com o brilhozinho dos meus olhos, com o sorriso maroto da minha cara, com as frases desfeitas ditas pela minha boca, tarefa mais difícil.
Feliz é a lágrima não chorada. Repeti-me de propósito, como que a ganhar tempo. Os neurónios trabalham mas não dou por eles porque tenho a mente fixada no teu rosto, no teu sorriso e nas tuas palavras.
Mantenho-me na frase e dou comigo a clamar aos quatro ventos que, ou isto acaba ou finalmente começa de verdade. Assim só não dá. Não arranca a continuação da frase.
Na verdade eu sempre disse que a felicidade era coisa banal, que tem hora a gente sente e depois passa sem saber porquê. Mas o que passa, de desaparecer, é mesmo é só a nossa vontade de ser feliz. Muitas vezes basta o cheiro da chuva para me sentir feliz, outras vezes nem nem o teu sorriso me consegue fazer regressar ao estado banal.
Uma lágrima não chorada pode ser feliz?
Sou feliz e não sabia que estavas ali a olhar-me fingindo não me ver.
Sou feliz porque me deixaste chorar no teu ombro as lágrimas que não me apeteciam chorar com medo de ser infeliz.
Sanzalando
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